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DECO recebeu 30 mil pedidos de ajuda de famílias sobreendividadas

08 abr, 2022 - 06:40 • Diogo Camilo

Em 2021, as famílias em dificuldades gastaram, em média, 860 euros por mês em créditos, para um rendimento de 1.100 euros. Desemprego, precariedade e perda de salário representam 80% dos 30 mil pedidos de ajuda.

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Foram 30 mil as famílias portuguesas que, em 2021, pediram ajuda à DECO por não terem capacidade de pagarem as suas dívidas. O número é ligeiramente menor ao registado há dois anos (30.100), mas continua abaixo dos valores pré-pandemia da Covid-19, quando em 2019 o gabinete de apoio prestou informações e aconselhamento financeiro a 29.154 famílias.

Ao todo, no ano passado, o Gabinete de Apoio ao Sobreendividado (GAS) da DECO apoiou diretamente 2.744 famílias, um número semelhante ao registado em 2020 e 2019, com as moratórias e as medidas impostas pelo Governo para reduzir o impacto económico da Covid-19 a contribuírem para a resolução de situações sem que fosse necessária a abertura de um processo de intervenção.

Desemprego continua a ser a principal causa de dificuldades financeiras

Quase um terço dos pedidos de ajuda têm como principal causa para as dificuldades financeiras o desemprego, que representa 29% de todos os pedidos.

Somando esta causa à perda de rendimentos, à penhora de rendimentos, a negócios mal sucedidos e a situações de precariedade laboral, 80% dos pedidos de famílias têm o emprego como principal causa de dificuldade financeira. Em 2020, quando a pandemia teve o seu maior impacto na economia, esta percentagem era de 77%.

No primeiro trimestre de 2022, a principal causa de dificuldades financeiras reportada é a perda de rendimentos (23%), e não o desemprego (22%). E a DECO avança também que está a aumentar (56%) o aconselhamento relativo à reestruturação de crédito, “o que pode antever um comportamento preventivo das famílias quanto a futuras dificuldades financeiras”. A mesma percentagem era de 52% em 2021 e de 51% em 2020.


Qual o perfil das famílias que pedem ajuda?

A família que pede mais ajuda é composta, em média, por três elementos. Quase metade dos membros tem o ensino secundário (46% em 2021 e 44% em 2022) e tem em regra cinco créditos: dois pessoais, dois de cartões de crédito e um de crédito à habitação.

O valor do crédito à habitação é, em média, de 90 mil euros, um valor superior ao registado pelas famílias com dificuldades financeiras em 2020 (€82.500), tal como a de cartões de crédito - que passou de 7.200€ para 7.500€ em 2021. No entanto, a média dos valores de créditos pessoais diminui, de 22 mil euros para 20,4 mil.

De todos os créditos, foi o de consumo que registou uma maior percentagem de incumprimento no ano passado (33%), que passou a ser de 36% já no primeiro trimestre de 2022, com 32% dos casos a registarem incumprimentos em todos os créditos.

As famílias que pediram ajuda têm uma taxa de esforço média de 78% - quando a recomendável é de apenas 35% - gastando 860€ dos seus 1.100€ de rendimento médio no pagamento de créditos.

Para esta estatística, a DECO inclui estimativas de despesas essenciais, que em 2021 aumentaram substancialmente, de 383 para 448 euros, devido ao preço da eletricidade, telecomunicações e alimentação.

Quase metade dos pedidos de ajuda vêm de famílias com trabalhadores no setor privado (44%) e o valor aumentou para mais de metade no primeiro trimestre de 2022 (53%). Trabalhadores do setor público representam apenas 15% dos sobreendividados, tal como desempregados.

Uma tendência que se inverteu no início de 2022 é o estado civil de quem tem dificuldades financeiras. No ano passado, 42% dos pedidos de ajuda vieram de pessoas casadas ou em união de facto, com a percentagem de solteiros a ser de 34% e a de divorciados a baixar para os 19%, mas no primeiro trimestre deste ano os solteiros passaram a ser quem pede mais ajuda (35%), ultrapassando casados (34%).

Quase metade dos pedidos de ajuda vêm de famílias com trabalhadores no setor privado (44%) e o valor aumentou para mais de metade no primeiro trimestre de 2022 (53%). Trabalhadores do setor público representam apenas 15% dos sobreendividados, tal como desempregados.

Uma tendência que se inverteu no início de 2022 é o estado civil de quem tem dificuldades financeiras. No ano passado, 42% dos pedidos de ajuda vieram de pessoas casadas ou em união de facto, com a percentagem de solteiros a ser de 34% e a de divorciados a baixar para os 19%, mas no primeiro trimestre deste ano os solteiros passaram a ser quem pede mais ajuda (35%), ultrapassando casados (34%).

Na semana passada, outro relatório da DECO revelou que 71% das famílias portuguesas relataram dificuldades em pagar as suas contas no ano passado, com a Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor a alertar para maiores dificuldades financeiras em relação a 2020.

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