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Gulbenkian

Prémio Gulbenkian para a Humanidade para ativistas da Indonésia, Camarões e Brasil

19 jul, 2023 - 19:00 • Ana Catarina André , com redação

Bandi “Apai Janggut”, Cécile Bibiane Ndjebet e Lélia Wanick Salgado são os premiados pelo reconhecimento no restauro de ecossistemas.

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Bandi “Apai Janggut”, líder da comunidade Sungai Utik, na Indonésia; Cécile Bibiane Ndjebet, ativista e agrónoma, dos Camarões; e Lélia Wanick Salgado, ambientalista, designer e cenógrafa, do Brasil são os vencedores deste ano do Prémio Calouste Gulbenkian para a Humanidade. Os três vão repartir o prémio de um milhão de euros.

O júri liderado pela antiga chanceler alemã Angela Merkel destacou a liderança e os esforços de restauro ecológico nos três países de onde os premiados são originários.

Os três vencedores foram escolhidos entre 143 nomeados, oriundos de 55 países e de todos os continentes.

“Acreditamos que os vencedores do Prémio vão continuar a inspirar outros e a desencadear futuras iniciativas climáticas positivas, em todo o mundo”, disse Angela Merkel.

António Feijó, presidente do conselho de administração da Fundação Calouste Gulbenkian, considera que esta distinção “presta homenagem ao trabalho e à dedicação que estas personalidades mostraram nos seus esforços de recuperação de ecossistemas vitais, que são cruciais para a mitigação das alterações climáticas”.

E sublinhou: “São um exemplo de liderança excecional, com impacto significativo, em harmonia com a natureza e as comunidades locais.”

"O Prémio Gulbenkian para a Humanidade distingue pessoas ou organizações que contribuem com a sua liderança para enfrentar os grandes desafios atuais da humanidade, as alterações climáticas e a perda de biodiversidade. No valor de 1 milhão de euros, o Prémio reconhece contribuições de excelência no âmbito da ação climática e soluções inspiradoras e criadoras de esperança para a humanidade", diz a Fundação.

"Premiar quem verdadeiramente trabalha junto das comunidades locais"

Na entrega do prémio, esta quarta-feira, na Fundação Gulbenkian, Angela Merkel, líder do júri, chamou à atenção para o impacto das alterações climáticas no sul do planeta.

A antiga chanceler alemã alertou para a forma mais acentuada como esses povos são afetados pelo clima.

Merkel destacou também o trabalho desenvolvido por cada um dos premiados e disse que são uma prova de que vale a pena lutar pelos direitos da natureza e pelos próprios direitos.

Num discurso improvado, Marcelo Rebelo de Sousa elogiou o trabalho anónimo de cada um dos vencedores.

“O que há de comum entre estes premiados é que eles são famosos por aquilo que fazem no seu anonimato e não famosos pela sua fama mediática. Isso é um bom exemplo que dá a Fundação Calouste Gulbenkian que é premiar quem verdadeiramente trabalha junto das comunidades locais, quem está no terreno, quem sofre todos os dias. Pessoas de carne e osso que no entanto sentem como dizia o primeiro premiado, que aquilo que está a fazer é em benefício do universo todo.”

O Presidente da república destacou também o contributo da Fundação Calouste Gulbenkian, dizendo que a instituição não só aposta no futuro, como vai buscar os protagonistas desse futuro e o seu exemplo universal.

“A Fundação Calouste Gulbenkian, não só aposta no futuro e numa missão global do futuro, como vai buscar os protagonistas ao outro lado da Terra aos quais antípodas e mostrar o seu exemplo a nível universal. Isto é uma Fundação Universal, não é uma fundação nacional. Não é a fundação de um país só, é uma fundação de um universo.”

Lélia Wanick Salgado, uma das laureadas, criou com o companheiro, o fotógrafo Sebastião Salgado, o Instituto Terra, que plantou quase três milhões de árvores e se tornou uma referência mundial na recuperação e preservação ambientais.

Emocionada, disse que, há 25 anos, quando pensou criar uma floresta numa área degradada, a ideia era quase utópica.

“Há 25 anos, quando tive o desejo de plantar uma floresta numa área completamente degradada, naquela época era uma ideia quase utópica. Junto com o meu companheiro Sebastião, criamos o Instituto Terra. Jamais poderíamos imaginar que hoje estaríamos convivendo de uma maneira quase íntima, com a rica fauna e a flora da mata atlântica brasileira. Não foi fácil. Enfrentámos inúmeros obstáculos, mas, com muito trabalho e perseverança conseguimos. Senhoras e senhores, o Instituto Terra é uma prova concreta de que juntos podemos salvar o planeta”, sublinha Lélia Wanick Salgado, uma das três vencedoras do Prémio Gulbenkian para Humanidade 2023.

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