Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
A+ / A-

​Debater a integração europeia

10 mai, 2024 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


As eleições para o Parlamento Europeu devem servir para debater questões europeias. A Europa tem de se dotar de meios de defesa, o que uma possível vitória eleitoral de Trump tornará indispensável.

Daqui a um mês seremos chamados a votar nas eleições para o Parlamento Europeu. Mas será que votaremos em função do que esperamos da integração europeia ou, antes, motivados pela situação política nacional?

Nos últimos anos parece que só Macron fala dos desafios que a Europa enfrenta. Foram anos durante os quais a integração europeia não registou avanços espetaculares. Mas as coisas não correram tão mal para a União Europeia (UE) como por vezes se diz.

Houve evoluções negativas para o futuro da UE, como a saída da Grã-Bretanha, a invasão da Ucrânia pela Rússia, ou a subida eleitoral de partidos populistas e eurocéticos. Mas até esses factos desfavoráveis tiveram limites. O abandono da Grã-Bretanha não foi seguido pela saída da UE de outros Estados membros, como se chegou a recear.

Outros exemplos: a extrema-direita eurocética passou a aceitar a UE e o euro; agora pretende apenas mudar a UE e não acabar com ela. E se houve sanções a países, nomeadamente por falta de independência do poder judicial (caso da Hungria, por exemplo), agora a Comissão Europeia encerrou o procedimento contra a Polónia por desrespeito pelo Estado de direito (o que aconteceu porque a extrema-direita já não governa aquele país).

A guerra da Ucrânia, obrigando a uma defesa europeia mais credível, não suscitou reações negativas. A ameaça russa levou dois países tradicionalmente neutros, Finlândia e Suécia, a entrarem na NATO.

Houve alguns progressos na integração europeia, como a aquisição em comum de vacinas contra o covid-19. Um exemplo que deve ser repetido noutras áreas, como no plano militar.

E é no plano militar que se coloca o mais urgente e sério desafio à integração europeia – a invasão da Ucrânia mudou a Rússia, que deixou de reconhecer o direito internacional e de ter limites.

Daí a necessidade de os europeus se dotarem de meios de defesa. O que uma possível vitória eleitoral de Trump tornará um imperativo inadiável.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.