04 fev, 2023 - 08:32 • Sandra Afonso
Mil euros. É o que promete a editora Lua de Papel a quem desvendar este enigma em Portugal até ao final de 2023. Repete-se assim a tradição, lançada pelo primeiro editor, em 1934, que ofereceu 15 libras esterlinas a quem resolvesse os múltiplos crimes.
Tudo começou com a impressão do livro: um romance policial com 100 páginas e seis assassinatos, escrito pelo britânico Edward Powys Mathers, autor das enigmáticas palavras cruzadas do “Observer”, que assina com o pseudónimo Torquemada (a primeira arma do crime registada).
O mistério complicou-se quando as páginas acabaram (des)ordenadas de forma aleatória, “dizem que por acidente”, acrescenta a editora.
A dificuldade do desafio disparou. Já não bastava encontrar as seis vítimas e respetivos assassinos, era ainda preciso ordenar corretamente as páginas do livro, através da “lógica e de uma leitura inteligente”. Ainda por cima, há várias possibilidades, mas apenas uma está correta.
Nos anos de 1930, apenas dois leitores chegaram à solução: S. Sydney-Turner e W. S. Kennedy. Acabaram por receber 25 libras cada um.
Só passado quase um século o enigma voltou a ser desvendado, pelo ator John Finnemore, uma de 12 pessoas desafiadas pela Fundação Laurence Sterne, que recebeu uma cópia do livro como oferta.
“A Mandíbula de Caim” regressou à ribalta depois de voltar a ser editado em Inglaterra, em 2019, com as páginas desordenadas tal como saíram na primeira edição. Outros países repetiram a iniciativa e daí até ser um sucesso de visualizações e partilhas nas redes sociais foi um sprint. No TikTok leitores de todo o mundo partilham pistas e “quadros de investigação”.
O livro aparece ainda no sucesso da Netflix, “Glass Onion”, logo no início. É possível ver a obra no chão, da casa de banho, enquanto o protagonista Benoit Blanc (Daniel Craig) fuma charuto na banheira e olha para o portátil.
O jornal “The Guardian” descreve-o como “o puzzle literário mais diabolicamente difícil do mundo”. A editora adverte que “o quebra cabeças é extremamente difícil” e “desaconselhado a pessoas impressionáveis”.
Antes de entrar na história, o leitor encontra a “Folha de Soluções”: duas páginas onde é convidado a identificar-se, revelar as vítimas e respetivos assassinos e ordenar as páginas corretamente (apenas uma ordem está certa).
Para que os leitores não se percam no processo, as páginas estão numeradas, só estão impressas num dos lados e todas têm espaço para notas. Adicionalmente, podem ser facilmente destacadas ou recortadas.
A solução deve ser enviada por email, até 31 de dezembro de 2023. Cada pessoa só pode participar uma vez.