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Embaixador pede aos portugueses no Egipto para não saírem de casa

14 ago, 2013 - 15:27

Tânger Correia conta que no Cairo há estradas e ruas cortadas e que já foram queimadas oito igrejas cristãs coptas no Norte e no Sul do país. Violência voltou ao Egipto e há vários mortos a registar.

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O embaixador de Portugal no Egipto está em contacto com os 120 portugueses que se encontram no país. Tânger Correia garante não está em causa a integridade física de qualquer cidadão, mas pede que evitem sair de casa.

"Posso dizer que estamos em contacto com todos. Sabemos onde estão e sabemos como estão", explica à Renascença Tânger Correia.

Ainda assim, o embaixador de Portugal no Egipto pede aos portugueses "que fiquem em casa". "Se virem alguma coisa que os possa afectar directamente, que nos informem imediatamente para que possamos tomar procedimentos", apela. 

Segundo relatos do embaixador português, "as ligações ferroviárias foram todas interrompidas e há muitos cortes de ruas e de estradas, de entradas e saídas do Cairo". "A cidade está muito pouco transitável", diz.

"Aliás, a maior parte dos nossos funcionários, a quem eu disse para irem para casa, não conseguiram fazê-lo e tiveram de voltar para trás", conta o diplomata, acrescentando que se verificam actos de violência em todo o país.

Tânger Correia diz ainda que "a situação espalhou-se pelo Egipto". "Infelizmente, temos conflitos sectários. Até agora, já foram queimadas oito igrejas cristãs coptas no Norte e no Sul do Egipto. É um desenvolvimento extremamente negativo", lamenta.

O Ministério da Saúde egípcio refere 149 mortos e 1.403 feridos, a Irmandade Muçulmana, que apoia o presidente deposto, fala em 250 mortos e cinco mil feridos e um jornalista da agência France Press contou 124 mortos na Praça Rabaa al-Adawiya, no Cairo.

As autoridades egípcias dispersaram esta quarta-feira os apoiantes do ex-presidente Mohamed Morsi, deposto pelos militares, que se encontravam acampados em duas praças da cidade.

Egipto em clima de tensão desde Junho
O actual clima de tensão no Egipto iniciou-se a 30 de Junho, quando diversos sectores da oposição promoveram grandes protestos exigindo a deposição do presidente islamita Mohamed Morsi, eleito em Junho de 2012 nas primeiras eleições livres no país.

Morsi provinha da Irmandade Muçulmana, que também venceu as legislativas organizadas após o derrube, em Fevereiro de 2011, do regime autocrático de Hosni Mubarak.

A 3 de Julho, o Presidente foi deposto e detido pelos militares, tendo sido formado um Governo de transição, entre os protestos das correntes islamitas que exigem o seu regresso ao poder.

Após o falhanço das tentativas de mediação internacionais, o Governo interino nomeado pelo exército anunciou que, terminado o período do Ramadão, no passado fim-de-semana, iria acabar com as manifestações pró-Morsi, operação que iniciou esta quarta-feira.
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