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Morreu Giorgio Coraluppi, o pai da videoconferência

29 set, 2022 - 17:13 • Rosário Silva

O inventor e empresário italiano faleceu aos 88 anos, nos Estados Unidos da América.

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O investigador italiano Giorgio Coraluppi, que fica para a história como o pai da videoconferência, morreu esta quarta-feira. O fundador da Compunetix, empresa de sistemas de telecomunicações da Pensilvânia, nos Estados Unidos, tinha 88 anos.

Coraluppi, que emigrou para os EUA, nos anos 60 do século passado, foi um dos mais importantes empreendedores da sua geração, apesar de ser um homem discreto.

Entre as suas descobertas, conta-se o algoritmo de videoconferência que permitiu à NASA, a agência espacial norte-americana, nos anos 70 e 80, ligar automaticamente milhares de técnicos e engenheiros, em simultâneo, para o planeamento e lançamento da missão Apollo e, mais tarde, o programa vaivém.

A brilhante descoberta é, nada mais nada menos, a base dos sistemas de videoconferência que se revelaram fundamentais, para que todos conseguíssemos ultrapassar a pandemia, como por exemplo, o Zoom, Teams, FaceTime ou WhatsApp.

Doutorado em engenharia pelo Politécnico de Milão, com uma especialização na conceituada Universidade Carnegie Mellon, Giorgio Coraluppi é considerado pelos seus pares como uma das pessoas fundamentais no desenvolvimento da inovação digital.

Amigos e conhecidos usaram as redes sociais para homenagear o empresário. Foi o caso de Alfonso Fuggetta, CEO do Cefriel, um centro de investigação fundado por universidades, empresas e administrações locais para promover a colaboração e a partilha de conhecimentos entre a investigação, o tecido económico e a sociedade.

No Twitter, Fuggetta escreveu: "Conhecia o Dr. Coraluppi há mais de 20 anos, embora na altura o CEO da Cefriel fosse Maurizio Decina. Coraluppi era uma pessoa extraordinária, um inventor, e embora nos EUA fosse venerado como um génio, era uma pessoa com uma calma e humanidade incríveis, um mentor, bem como um empresário e um grande investigador. Costumava visitá-lo todos os anos em Pittsburgh, ou ele vinha a Itália até há alguns anos atrás. Aprendia sempre alguma coisa com ele”.

Giorgio Coraluppi deixa mulher e três filhos que trabalham na sua empresa, a Computenix.

O homem que não trabalhava por dinheiro

Depois de se licenciar e doutorar em engenharia, com passagens profissionais nas empresas Olivetti e IBM, Coraluppi emigrou com a mulher, para os EUA, nos anos 60, numa viagem que não deveria ultrapassar os dois anos, mas a verdade é que acabou por ficar.

Sempre na mesma cidade, Monroeville, na Pensilvânia, a meia hora de Pittsburgh, o trabalho de Giorgio Coraluppi foi o de um “inventor extraordinário, apaixonado por resolver problemas que ele próprio enfrentou com a paixão de um engenheiro, amante da matemática e determinado em encontrar soluções que funcionassem”, relatam os mais próximos.

“O desafio era resolver o problema, não ganhar dinheiro”, lembram, dando como exemplo “a solução encontrada para colocar a funcionar um supercomputador IBM”, missão para a qual pediu para não ser pago.

Na realidade, mais tarde, esta descoberta deu origem ao sistema de computação DeepBlue, o primeiro computador a vencer o campeão mundial de xadrez Garry Kasparov, em 1997, acontecimento para o qual foi o único, fora da empresa, a ser convidado pela IBM, para testemunhar o evento histórico.

Até aos últimos dias, em Monroeville, o Dr.C.,como era tratado pelos seus funcionários, conduziu os seus cerca de 650 empregados das suas três empresas, com o mesmo entusiasmo com que iniciou o seu percurso profissional.

Na introdução de um livro dedicado a uma das suas empresas, escreveu: "Há quarenta anos, quando fundei a Compunetics, perguntaram-se: "Há tantas boas empresas. Porquê criar outra"? Eu respondi: "Há tanta gente boa. Porquê criar mais"? Vi a empresa como um organismo vivo, crescendo e desenvolvendo a sua própria cultura e personalidade únicas. Eu sabia que a minha mulher partilhava a minha visão e que estaria sempre ao meu lado".

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