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México

Investigada alegada destruição de obra de Frida Kahlo

27 set, 2022 - 15:30 • Rosário Silva , com agências

Milionário surge em vídeo a queimar, alegadamente, um original da artista mexicana considerada uma das maiores pintoras do século XX. Objetivo é vender cópias virtuais de “Sinister Ghosts”.

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A alegada destruição de um original da pintora mexicana Frida Kahlo está a chocar colecionadores e apreciadores de arte.

Diferentes publicações asseguram que se trata da obra denominada “Sinister Ghosts”, de 1944, avaliada em mais de dez milhões de euros e que seria propriedade do empresário Martin Mobarak, o mesmo que afirma tê-la queimado para a “converter em 10.000 NFT, um registo único digital inserido numa cadeia de 'blockchain', o sistema usado para as criptomoedas”.

O facto terá ocorrido em 30 de julho deste ano, em Miami, nos Estados Unidos. De acordo com o milionário, esta conversão destinava-se a beneficiar instituições como “a Casa Museo Frida Kahlo, o Palácio de Belas Artes e a Escola Nacional de Artes Plásticas”.

O Instituto Nacional de Belas Artes e Literatura (INBAL) do México, que anunciou uma investigação para apurar a veracidade da ocorrência, já veio negar que qualquer uma das suas instituições tenham recebido receber alguma doação do colecionador, ao contrário do que este afirmou.

O Banco do México, esclarece o INBAL, é administrador fiduciário da Casa-Museu Diego Rivera e Frida Kahlo, "na sua qualidade de detentor dos direitos patrimoniais das obras".

Por isso, já está a ser recolhida "toda a informação necessária para estabelecer com certeza" o que efetivamente aconteceu, destacando, por outro lado, a existência de um decreto que “declara todo o trabalho da artista mexicana como monumento artístico”.

No México, "a destruição deliberada de um monumento artístico constitui um crime nos termos da Lei Federal sobre Monumentos e Zonas Arqueológicas, Artísticas e Históricas", adianta este instituto, em comunicado.

Receitas vão “continuar a crescer até à eternidade"

De acordo com várias fontes, Martin Mobarak terá queimado a obra de Frida Kahlo “para a transformar em 10 mil peças digitais e vendê-las sob a forma de um NFT, um certificado digital utilizado para registar a propriedade de algo colecionável”.

Mobarak que se considera um “filantropo”, assegura que os fundos obtidos, destinam-se a “transformar e revolucionar a arte digital, a caridade e a área da saúde”, como é possível visualizar num vídeo publicado na plataforma YouTube.

O também fundador da iniciativa Frida.NFT, garante que com esta operação, “a arte de Kahlo será partilhada por todo o mundo", para gerando um conjunto de receitas que vão “continuar a crescer até à eternidade".

Mobarak reconhece que a sua iniciativa é polémica, mas “a criação de fundos” justifica-a plenamente. O empresário acredita que se Frida “soubesse a que se destinavam as receitas, ter-lhe-ia dito para queimar toda a sua obra”.

Kahlo, considerada por muitos uma das maiores pintoras do século XX, era famosa pelos seus autorretratos íntimos que refletiam dor e isolamento.

Viveu de 1907 a 1954 e promoveu orgulhosamente a cultura mexicana indígena por meio da sua arte, a mesma que registou a difícil e dolorosa relação que tinha com o seu corpo, incapacitado por causa da poliomielite infantil e ferimentos graves após um acidente de viação.

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