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Porto. Associação Amigos do Coliseu aprova concessionar equipamento a privados

15 jul, 2022 - 18:27

A proposta, apresentada pelo representante do município à direção do Coliseu do Porto, foi aprovada por unanimidade.

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A direção da Associação Amigos do Coliseu, entidade que gere o equipamento cultural no Porto, aprovou esta sexta-feira por unanimidade uma proposta para que o mesmo seja concessionado a privados, revelou o presidente da Câmara do Porto.

Em declarações aos jornalistas, à margem da apresentação na nova marca do Mercado do Bolhão, Rui Moreira afirmou que a proposta, apresentada pelo representante do município à direção do Coliseu do Porto, "foi aprovada por unanimidade".

Segundo Rui Moreira, concessionar o equipamento a entidades privadas é "voltar à intenção original".

"Não há mudança nenhuma. É regressar ao plano original", salientou, dizendo que a câmara é apenas "um quinto" da Associação Amigos do Coliseu, entidade que gere o equipamento.

"Se é uma decisão universal de uma associação em que nós somos apenas um quinto, parece-me que quem não gosta, não gosta", observou.

A direção da Associação Amigos do Coliseu é composta por Mónica Guerreiro, presidente do Coliseu do Porto e representante do Ministério da Cultura, Maria João Castro, representante da Área Metropolitana do Porto (AMP), Nuno Lemos, representante da Câmara Municipal do Porto, Daniel Pires, representante dos Associados Individuais da Associação Amigos do Coliseu e António Tavares, provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto.

Aos jornalistas, o presidente da Câmara do Porto disse ainda que durante o período da pandemia era "impossível" e um "suicídio de gestão" concessionar o Coliseu do Porto.

Dizendo não comentar as intenções da anterior ministra da Cultura, que em abril de 2021 anunciou que a concessão iria ser suspensa e que se iria avançar com a reabilitação do espaço, Rui Moreira salientou apenas que "não se verificaram condições" para que tal acontecesse.

As obras de reabilitação, anunciadas à época e orçadas em 3,5 milhões de euros, seriam suportadas de igual forma pelo Governo e pela Câmara do Porto.

Aos jornalistas, o presidente independente disse ainda não ter visto "ninguém preocupado" com a utilização de fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para a reabilitação do equipamento, à exceção dele próprio.

"Eu falei do PRR para a cultura, estas mesmas pessoas ficaram mudas e caladas, quando dissemos que para a cidade do Porto só vieram um milhão de euros e foi por acaso para o Museu Soares dos Reis, ainda bem que veio, se não não vinha nada", disse.

O autarca assegurou ainda que "ninguém vai acabar com a marca Coliseu" e que a cidade vai deixar de ter "um Coliseu a cair".

Quanto à associação que lá desenvolve atividade, Rui Moreira defendeu que a mesma "pode continuar a desempenhar as tarefas que sempre desempenhou" dentro de um edifício que será gerido por eventuais "empresas que hoje contratam o equipamento como barriga de aluguer".

Na proposta hoje votada pela direção da associação, e a que a Lusa teve hoje acesso, o representante do município na direção da associação do Coliseu destaca que, "apesar de todas as diligências e esforços no sentido de assumir o custo das obras de reabilitação", a "solução" anunciada em abril de 2021 "não produziu efeitos".

"O Coliseu do Porto vive um momento exigente, dado que se torna cada vez mais premente a realização de obras de grande vulto e custo no edifício e seus equipamentos", observa, destacando que a associação "nunca teve condições" para fazer face às obras de que o espaço necessita.

"Nunca o Coliseu do Porto recebeu qualquer intervenção estrutural", refere, dizendo ser "urgente" levar a cabo as obras de reabilitação e garantir que são corrigias as "patologias de que sofre o edifício".

A concessão do Coliseu do Porto a privados foi aprovada por maioria na Assembleia Geral da Associação Amigos do Coliseu (associação que gere o equipamento) a 13 de março de 2020, pela impossibilidade de recorrer a fundos comunitários para garantir o restauro daquela sala de espetáculos.

Em março, o presidente da Câmara do Porto afirmou que o município não tinha "nem enquadramento legal, nem vontade política" para reabilitar o Coliseu, frisando que o Estado perdeu oportunidade de o fazer através do Plano de Recuperação e Resiliência.

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