27 out, 2021 - 06:57 • Lusa
O Museu de Serralves, no Porto, recebe a primeira exposição da artista sonora alemã Christina Kubisch em Portugal, de hoje até abril de 2022.
São três instalações diferentes que integram uma “constelação de projetos que convidam artistas que têm experimentado com o som”, observou o diretor do museu, Philippe Vergne.
Dela fazem parte a exposição de Pedro Tudela, inaugurada em setembro, mas também os artistas Tarek Atoui e Ryoji Ikeda, que chegarão ao museu em breve.
A mostra começa com “The Greenhouse” (“A estufa”, na tradução do inglês), um trabalho de 2017 que é apresentado agora com uma nova versão na Galeria Contemporânea, e mostra o trabalho da artista em torno da indução eletromagnética, misturando sons naturais e sintéticos.
Numa visita para a imprensa, Christina Kubisch explicou que a inspiração para aquela obra vem “da tradição do século XIX, quando traziam plantas das colónias, mas só a parte visual, nunca os sons”.
Para quem visita a exposição, os auscultadores dão acesso a “duas atmosferas, uma de gravações no terreno, e outra coisa estranha, que se relaciona com os campos eletromagnéticos”.
“Não é música eletrónica, criada artificialmente, é tudo gravado ao vivo, até os campos eletromagnéticos são emanados por ecrãs, sistemas de luz, etc.”, explicou a autora.
O curador da exposição, Pedro Rocha, destacou que, naquele espaço, “o público é convidado a ativar a obra, deslocando-se no espaço”.
A capela da Casa de Serralves recebe “Silence Project” (“Projeto Silêncio”), de 2011, que combina gravações da palavra “silêncio” em cerca de setenta línguas diferentes e a representação visual daqueles sonogramas, mas também da obra “4’33’’”, do compositor John Cage.
No Redondo das Cameleiras, junto à Casa de Serralves, pode-se ouvir uma composição que combina sons de água, mas é também um convite “a ouvir todos os sons que estão à volta” daquele espaço, explicou a artista.
Os vários trabalhos expostos “reúnem uma série de princípios que assistem ao trabalho da Christina”, realçou o curador, nomeando a “diluição de fronteiras entre o visual e o sonoro”.
Christina Kubisch nasceu em Bremen, na Alemanha, em 1948 e estudou pintura na Academia de Belas Artes de Estugarda e música e composição em Hamburgo, Graz e Milão.
Desenvolveu técnicas de indução eletromagnética, energia solar e sistemas especiais de luz que trabalha artisticamente.