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Solidariedade

Uma corrida por Cabo Delgado

24 mai, 2024 - 14:37 • Redação com Henrique Cunha e Ângela Roque

Silvia Duarte, é cabeleireira e corre por causas. Domingo participa num Trail de 22 Km em Monsanto, para ajudar a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (Fundação AIS) a socorrer o povo mártir de Cabo Delgado, no norte de Moçambique.

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Cabeleireira a tempo inteiro, Sílvia Duarte também é atleta e ficou conhecida por participar em provas de atletismo apoiando ações de beneficência. Domingo, com início às 9h00, a atleta participa no "Green Trail", na zona de Monsanto, em Lisboa, para apoiar a Fundação AIS e a sua campanha “SOS CABO DELGADO”.

Em declarações à Renascença, Sílvia explica que o desafio de correr por causas “começou em plena pandemia”, quando um membro da sua paróquia “foi diagnosticado com um cancro e decidi correr para ajudar a pagar um medicamento necessário e muito caro”.

Com o apoio da paróquia, Sílvia correu uma maratona junto ao seu quarteirão. Aos 25 quilómetros já a cabeleireira do Estoril tinha alcançado o objetivo de 4500 euros, no entanto, decidiu concluir a maratona, para como explicou “provar a todos aqueles que não acreditavam nas minhas capacidades que era capaz”.

“Não faço isto apenas pelas causas, até porque sofri de bullying por não ser uma excelente aluna na escola, e toda a vida me disseram que não era capaz; por isso, o resto dos quilómetros eram por mim", esclareceu.

A atleta de 56 anos teve um apoio muito importante do seu pároco, o padre Nuno Westwood, que se considera um diretor espiritual de Sílvia. “Sirvo um bocadinho de coaching, no sentido de ser um motivador da Sílvia, para tentar dar-lhe apoio como amigo e como padre, uma espécie de diretor espiritual que a acompanha e a motiva, mas também a ajudo com a divulgação como a paróquia tem algum alcance nas redes sociais", explicou à Renascença.

Fundação AIS agradece esforço de Sílvia Duarte

A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre agradece esta corrida solidária e o esforço da atleta. Em declarações à Renascença, Catarina Martins Bettencourt, da AIS em Portugal, diz não ter dúvidas de que a iniciativa terá um efeito multiplicador na campanha que a Fundação está a promover a favor de Cabo Delgado.

“Ao fazer esta corrida vai pedir aos seus amigos, vai pedir aos amigos dos seus amigos para ajudarem todas estas pessoas que estão em Cabo Delgado e que precisam da nossa ajuda. A situação em Cabo Delgado é tremenda, e toda a ajuda que possamos fazer chegar até lá, até à Igreja nesta região de Moçambique, será extremamente importante. E será até, atrevo-me a dizer, vital, porque como sabemos Moçambique é um dos países mais pobres do mundo e todas as ajudas que possamos dar podem ser essenciais para a vida de alguém”, afirma Catarina Martins.

A campanha da AIS por Cabo Delgado mantém-se para dar resposta aos pedidos de ajuda que chegam do terreno, até porque, assinala, “os terroristas não abrandaram a atividade, pelo contrário”. A responsável refere que “a campanha da AIS relativamente a Cabo Delgado tem estado nos últimos tempos muito ativa, também porque infelizmente os terroristas têm estado mais ativos”. Têm sido muito frequentes os ataques e a destruição de aldeias, a destruição também de igrejas, de espaços ligados à Igreja. Temos estado praticamente quase todas as semanas, todos os dias, a falar sobre esta situação”, acrescenta.

Catarina Bettencourt Martins insiste na ideia de que “não podemos esquecer de Cabo Delgado” e revela que a Fundação tem mantido “contato praticamente diário, com missionários, com a Igreja que está no terreno em Cabo Delgado”.

"O que nos dizem é que não podemos deixar de ter esta notícia nos nossos noticiários, nas nossas atividades, nas nossas redes sociais, porque a situação é terrível e cada vez mais os terroristas estão mais equipados, estão cada vez mais ativos, e por isso é preciso estarmos ao lado desta Igreja que sofre neste momento em Cabo Delgado”, relata. Mesmo com a pouca divulgação do conflito há portugueses atentos e a participar na campanha da AIS, para ajudar as vítimas do terrorismo em Cabo Delgado, onde “há neste momento 1 milhão de pessoas em fuga”.

Esta responsável considera fundamental contrariar a indiferença a que Cabo Delgado foi votado, por causa do surgimento de outros conflitos no mundo, e sustenta que esta corrida vai também ajudar. “Temos estado a fazer este esforço de apoiar e de divulgar a situação da Igreja em Cabo Delgado, e temos estado a tentar não deixar cair no esquecimento tudo o que se passa. E esta corrida por Cabo Delgado é mais uma iniciativa que vai poder trazer para a luz do dia toda a situação que está a acontecer em Cabo Delgado”, conclui a responsável da Fundação AIS.

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