03 mar, 2024 - 09:01 • Henrique Cunha
O diretor da Cáritas Diocesana de Pemba, Manuel Nota admite que há situações em que por escassez de meios não é possível atender aos pedidos. “Em alguns momentos nós ouvimos e vemos as pessoas a passar necessidades e como não temos como ajudar às vezes fazemos de cegos e de surdos”, refere Manuel Nota.
O responsável diz que a ação está muito limitada porque a instituição da Igreja "está com sérios problemas financeiros". Por isso, o Presidente da Cáritas de Pemba agradece à Cáritas Portuguesa que decidiu enviar um apoio imediato de 10 mil euros. “Vai ser de grande apoio este fundo. Quando partilhei com o sr. Bispo que a Cáritas Portuguesa nos tinha comunicado um apoio de 10 mil euros ficamos todos muito satisfeitos, porque para quem não tem nada, quem aparece com pouco é sempre um herói”, sublinha.
E de acordo com Manuel Nota, as dificuldades da Cáritas em ajudar estão a fazer com que muitos deslocados voltem à sua área de residência, “mesmo sabendo que as zonas não estão totalmente seguras”. “Ficar sem comer durante muito tempo é muito complicado e algumas pessoas preferem ir morrer lá, de onde saíram”, lamenta.
Se, entretanto, não chegarem apoios, a Cáritas de Pemba ver-se-á obrigada a redimensionar apoios. É por isso que Manuel Nota reforça o pedido de apoio internacional até porque o Programa Alimentar Mundial (PMA) também foi obrigado a fazer uma gestão criteriosa dos "seus escassos recursos".
"Desde o ano passado para cá a ajuda internacional tem reduzido consideravelmente. O Programa Alimentar Mundial que era líder na área de assistência humanitária anunciou problemas de fundos e que ia parar com o programa de assistência alimentar. Graças a Deus retomaram a ajuda, mas não com a mesma frequência. E há famílias que estão dois ou três meses sem apoio porque os poucos recursos têm de ser distribuídos por vários distritos. É mesmo a gestão dos escassos recursos que existem”, relata.
Enquanto isso, prosseguem os atentados terroristas na região de Cabo Delgado. De acordo com dados do Governo, as últimas ações provocaram, em menos de 20 dias, cerca de 67 mil deslocados; num total de 14 mil famílias.