03 mar, 2024 - 12:47 • Aura Miguel
“Carrego diariamente no coração, com dor, o sofrimento das populações na Palestina e Israel, devido às hostilidades em curso”, disse esta manhã o Papa no final da recitação do Angelus.
Francisco referiu-se aos milhares de mortos, feridos e deslocados e às imensas destruições, naquela região, que “causam dor e com tremendas consequências para os pequenos e para os indefesos que vêem o seu futuro comprometido”. E, neste contexto, lançou uma pergunta aos responsáveis: “pensam, realmente, construir um mundo melhor deste modo? pensam realmente alcançar a paz? Basta, por favor!, digamo-lo todos: Basta, por favor!”
Interrompido por aplausos dos fiéis presentes na Praça de São Pedro, o Papa prosseguiu: “Parem! Encorajo-vos a continuar as negociações para um cessar-fogo imediato, em Gaza e em toda a região, para que os reféns sejam imediatamente libertados e voltem para os seus queridos que os esperam ansiosamente. E que a população civil possa ter acesso seguro à devida e urgente ajuda humanitária”.
Ainda sobre a guerra, Francisco pediu orações pela Ucrânia , “onde se sofre tanto, tanto” e, a propósito par próxima Jornada internacional para a consciencialização sobre o desarmamento e a não proliferação, que decorre a 5 de março, lamentou a quantidade de recursos desperdiçados com despesas militares que, por causa da situação actual, continuam a aumentar. “Espero vivamente que a comunidade internacional compreenda que o desarmamento é, antes de mais, um dever. O desarmamento é um dever moral. Metam isto na cabeça; e, para isto, é preciso coragem da parte de todos os membros da grande família para se passar do equilíbrio do medo para o equilíbrio da confiança”, afirmou.
Nem ouvidos fechados por fones, nem olhos colados ao telemóvel
Nas reflexões que fez sobre o Evangelho de hoje, o Papa pediu maior atenção na relação pessoal com Deus e propôs a todos "rezar muito, como
filhos que batem incansavelmente e com confiança à porta do Pai e não como vendedores avaros e desconfiados”.
Francisco considera urgente “espalhar a fraternidade”, pois em muitos lugares há “um silêncio constrangedor, isolador, às vezes até hostil”. E acrescentou: “Nos meios de transporte, por exemplo: todos fechados em seus próprios pensamentos, sozinhos com seus problemas, com os ouvidos tapados por fones no ouvido e os olhos afundados nos telemóveis. Um mundo em que nem mesmo um sorriso ou um comentário espirituoso é dado de graça; por que nos conformamos com isso?”
Em alternativa, o Papa deixou um conselho para esta Quaresma: “Vamos dar nós o primeiro passo, vamos cumprimentar, ceder o nosso lugar, dizer algo gentil para as pessoas à nossa volta, mesmo que não recebamos resposta e alguém nos olhe torto”, afirmou. E, para melhorar o dia-a-dia, Francisco desafiou os fieis com algumas perguntas: “Como são meus relacionamentos com os outros? Sei como dar sem esperar pela reciprocidade? Sei dar o primeiro passo para quebrar os muros do silêncio e os vazios das distâncias?”