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Papa recorda “novos mártires”, alertando para cristãos perseguidos no mundo

27 fev, 2024 - 16:00 • Ecclesia

A intenção de oração é divulgada, mensalmente, nas redes sociais e plataformas digitais, numa iniciativa da Rede Mundial de Oração do Papa, confiada aos Jesuítas.

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O Papa recorda os “novos mártires”, alertando para cristãos perseguidos no mundo atual, numa mensagem em vídeo, divulgada esta terça-feira pela Rede Mundial de Oração.

“Rezemos para que aqueles que, em várias partes do mundo, arriscam a vida pelo Evangelho contagiem a Igreja com a sua coragem e o seu impulso missionário. E abertos à graça do martírio”, pede Francisco, na sua intenção de oração para o mês de março.

O vídeo apresenta “uma história que é um reflexo da Igreja de hoje”, que o Papa recorda como a “história de um testemunho de fé pouco conhecido”.

Ao visitar um campo de refugiados em Lesbos, um homem disse-me: ‘Padre, sou muçulmano. A minha mulher era cristã. Os terroristas chegaram ao nosso país, olharam-nos e perguntaram qual era a nossa religião. Viram a minha mulher com o crucifixo e disseram-lhe para o atirar ao chão. Ela não o fez e degolaram-na à minha frente’. Foi assim”.

Francisco sublinha que este homem vivia sem “rancor”, mas “centrava-se no exemplo de amor da sua esposa, um amor a Cristo que a levou a aceitar e ser leal até à morte”.

“Irmãos, irmãs, sempre haverá mártires entre nós. É o sinal de que estamos no caminho certo. Uma pessoa que sabe dizia-me que há mais mártires hoje do que no início do cristianismo. A coragem dos mártires, o testemunho dos mártires, é uma bênção para todos”, acrescenta.

A história desta mulher é reconstituída em ‘O Vídeo do Papa’ do mês de março, no qual surgem ainda “imagens de comunidades cristãs em perigo e se referem exemplos de coragem, como o do primeiro servo de Deus do Paquistão, Akash Bashir, que morreu com 20 anos, em 2015, para evitar um atentado terrorista contra uma igreja cheia de fiéis, em Lahore”.

A intenção de oração é divulgada, mensalmente, nas redes sociais e plataformas digitais, numa iniciativa da Rede Mundial de Oração do Papa, confiada aos Jesuítas.


O vídeo de março tem a colaboração da Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), que em 2023 recebeu denúncias em 40 países de pessoas assassinadas ou sequestradas por causa da sua fé.

“A Nigéria tornou-se o país com o maior número de assassinatos; no Paquistão, na diocese de Faisalabad, as igrejas e as casas dos cristãos de Jaranwala foram atacadas; e no Burquina Faso, os católicos de Débé foram expulsos da sua aldeia apenas por causa da sua fé”, refere uma nota da Rede Mundial de Oração do Papa.

“É fundamental garantir o direito de praticar a fé”

A presidente executiva da fundação pontifícia AIS, Regina Lynch, afirma que “a liberdade religiosa, reconhecida na Declaração Universal dos Direitos do Homem, é um direito inalienável e nenhum cristão deve perder a vida por a exercer”.

É fundamental garantir o direito de praticar a sua fé como parte da dignidade de todos os seres humanos”, acrescenta.

A responsável considera que a intenção de Francisco neste mês é “muito importante para encorajar a oração pelas vítimas de perseguição, bem como para defender aqueles que sofrem discriminação por causa da sua fé”.

Em julho de 2023, Francisco anunciou a criação de uma “Comissão dos Novos Mártires - Testemunhas da Fé”, no Dicastério para as Causas dos Santos, no contexto da celebração do próximo Jubileu, no Ano Santo de 2025.

O novo organismo vai “elaborar um catálogo de todos os que derramaram o seu sangue para confessar Cristo e testemunhar o seu Evangelho”.

A iniciativa vai prosseguir a dinâmica iniciada no Ano Santo de 2000, no pontificado de São João Paulo II.

“A investigação vai dizer respeito não só à Igreja Católica, mas vai estender-se a todas as confissões cristãs. Também no nosso tempo, no qual se assiste a uma mudança de época, os cristãos continuam a mostrar, em contextos de grande risco, a vitalidade do Batismo comum”, precisava o Papa.

Em maio de 2023, Francisco anunciou a decisão de inserir os 21 cristãos coptas mortos pelo Estado Islâmico na Líbia, em 2015, no elenco do Martirológio Romano.

Segundo a Agência Fides, do Vaticano, entre 1990 e 2000 houve registo de 604 missionários mortos, incluindo as vítimas do genocídio do Ruanda (1994), que causou pelo menos 248 vítimas entre o pessoal eclesiástico.

Já nos anos de 2001 a 2023, o número total de agentes pastorais mortos foi de 564.

O Papa tem repetido a convicção de que os mártires “são mais numerosos” na atualidade do que nos primeiros séculos do Cristianismo, falando num “ecumenismo de sangue”.

A 7 de maio de 2000, durante o Grande Jubileu, estas pessoas foram lembradas numa celebração ecuménica, que reuniu no Coliseu de Roma representantes das Igrejas e comunidades eclesiais de todo o mundo.

A Igreja Católica assinala a 24 de março uma jornada anual de oração e jejum pelos missionários mártires, promovida pelo movimento juvenil das Obras Missionárias Pontifícias, no aniversário da morte de D. Oscar Romero, assassinado em 1980; o arcebispo de San Salvador foi canonizado pelo Papa Francisco, em 2018.

Já em 2019, no arranque do Sínodo especial para a Amazónia, foram recordados os mártires da região.

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