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Abusos na Igreja. D. José Ornelas defende "cultura de transparência e de verdadeira segurança"

12 dez, 2023 - 17:57 • Ana Catarina André , com redação

O presidente da CEP espera que o trabalho iniciado pela Igreja no combate aos abusos e no acompanhamento das vítimas possa ser um contributo para outros setores da sociedade.

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O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Ornelas, sublinha a importância de dar continuidade à atenção dada aos casos de abuso sexual.

“Pode-se depois fazer as avaliações que se quiser sobre o trabalho da Comissão [Independente], mas foi um trabalho que mexeu connosco, não só com a Igreja, mas com o país”, afirmou D. José Ornelas, na apresentação do primeiro relatório de atividades do grupo Vita criado para tratar os casos de abuso sexual na Igreja.

D. José Ornelas considera “bom que esse movimento e esse sentimento de repulsa não se atenue tão depressa”.

“É preciso que todos tomemos caminhos seguros para inverter esta cultura e criar uma cultura de transparência e criar verdadeira segurança para as nossas crianças e para os adultos vulneráveis”, defende o bispo de Leiria-Fátima.

O presidente da CEP espera que o trabalho iniciado pela Igreja no combate aos abusos e no acompanhamento das vítimas possa ser um contributo para outros setores da sociedade

“Temos um caminho para criar cultura entre nós, mas também para dar um contributo à nossa sociedade. Nós precisamos, todos, não é de saber quem está mais à frente ou atrás. Se o objetivo é ir ao encontro das pessoas que são abusadas e que passam pelos conflitos e pelas agressões que nós conhecemos, então vamos encontrar sempre caminhos de convergência. Se estamos aqui a encontrar o bode expiatório mais fraco, perdemo-nos pelo caminho e não realizamos a nossa tarefa”, afirmou D. José Ornelas.

Sobre a questão do pagamento de indemnizações às vítimas, D. José Ornelas considera que é uma questão jurídica e sublinha que o processo iniciado pela Igreja é de “ajuda e reparação”.

“Quando se fala de indemnizações, fala-se de uma questão jurídica e tem as suas normas. É dentro desse âmbito que ela se faz. É por isso que nós não temos falado de indemnização, porque para isso grande parte destes casos nem teriam lugar, por desconhecimento, por falta de condições jurídicas para se pôr a questão”, declarou.

“O que nós dissemos desde o início e mantemos, é que um processo de ajuda e reparação às vítimas, o nosso manual de tratamento destes casos fala de ir ao encontro da pessoa. Aí, surgiu uma questão se havia eventual tabela de preços para isto. Não pode ser”, sublinhou o presidente da CEP.

Seis meses depois de ter sido criado, a pedido da Conferência Episcopal Portuguesa, o grupo Vita enviou 16 denúncias para o Ministério Público. Entre maio e novembro deste ano, o grupo identificou 45 situações, a maioria das quais entre as 278 chamadas telefónicas que recebeu relativas a situações de abusos sexuais na Igreja.

Em relação ao número de sacerdotes suspensos na sequência das 16 denúncias enviadas ao Ministério Público, Paula Margarido, coordenadora das comissões diocesanas, disse que esses dados serão revelados no futuro.

A psicóloga Joana Alexandre, membro do grupo Vita, adiantou que a maioria dos casos se refere às décadas de 60 e 80. Segundo a especialista, a diminuição pode ter a ver com o número de padres existente.

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