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Liga Operária Católica

​Trabalhadores cristãos alertam que mundo está repleto de “más noticias” para os pobres

24 dez, 2022 - 08:00 • Henrique Cunha

O presidente da Liga Operária Católica (LOC) diz à Renascença que "a sociedade não encontra solução para os seus eternos pobres”.

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O presidente da Liga Operária Católica (LOC), Américo Oliveira, diz que, por causa da pandemia e da guerra, “vamos atingir níveis de pobreza idênticos aos registados na crise de há dez anos, aquando da crise financeira”.

“As notícias dos tempos que correm para os pobres são muito más”, diz Américo Oliveira à Renascença, sublinhando que "a sociedade não encontra solução para os seus eternos pobres”.

Na sua mensagem de Natal, a LOC lembra o empobrecimento dos excluídos e também a realidade dos “trabalhadores desprotegidos” e é neste contexto que Américo Oliveira sublinha que “o Natal é o desafio maior para podermos nascer para outra realidade".

"As coisas devem ser repensadas porque andamos anos e anos a debater o problema e vemos, por exemplo, as autarquias com as suas capacidades a prometer programas disto e daquilo, orçamentos de grande envergadura, mas o nível de pobres continua a existir”, reforça.

O presidente da LOC pede soluções que evitem a cultura do descarte e afirma que “a questão da pobreza exige maior atenção dos poderes que estão mais próximos da realidade”.

“Esta questão da pobreza passa muito pela capacidade que a nível local, ao nível autárquico, ao nível das associações conseguimos dar ao problema”, sublinha.

"Não é um Estado mais ou menos centralista que sabe que há ali pessoas mais excluídas, há ali pessoas sem condições”, aponta, pedindo, por isso, ao poder local que se vire “para este problema”.

"Muitas vezes as autarquias não estão atentas e não estão a direcionar os seus meios para resolver estas questões de pessoas bem próximas e bem identificas", lamenta.

O responsável lamenta também que se gaste “dinheiro em tanta coisa, em tantos festejos, e não se combata diretamente as questões do nível de pobreza”.

“No mundo do trabalho, temos milhares de pessoas a viver com reformas inferiores a 500 euros. Pessoas que trabalharam 40 e mais anos. Não se pode compreender num país como o nosso. Com o custo de vida, com a inflação como ela está vão ser problemas muito sérios para os trabalhadores e reformados. Vão ter muita dificuldade em enfrentar estes novos tempos”, insiste.

Por outro lado, Américo Oliveira diz ainda que “os trabalhadores da produção, porventura os menos instruídos não sejam tidos em conta. São os tais descartados, que se esforçam para que os países produzam e progridam e as suas famílias vivam uma vida melhor”.

“Há muita gente esquecida e que não vê os seus mais elementares direitos atendidos”, afirma.

A LOC pede aos cristãos que ao celebrar o Natal façam “uma reflexão profunda e pessoal” e lembra que as situações resultantes da pandemia e da guerra têm ajudado a "compreender o valor da solidariedade e da fraternidade" e a superar o "vírus do individualismo, da indiferença e redescobrir o sentido da humanidade do cuidado".

“Papa é de uma sensibilidade para estes problemas que nos deixa estarrecidos”

O presidente da LOC aplaude o discurso do Papa sobre a situação laboral. Francisco, numa mensagem aos dirigentes e delegados da Confederação Geral Italiana do Trabalho, condenou a exploração dos trabalhadores como se fossem máquinas e Américo Oliveira diz que “o Papa Francisco nos ultrapassa com muita frequência com uma sensibilidade muito apurada para as questões do trabalho, para a denuncia de uma sociedade insensata e míope, que não dá atenção ao essencial da sociedade”.

“Às vezes, até podemos ficar sem o que dizer porque o Papa é de uma sensibilidade para estes problemas que nos deixa estarrecidos com o seu sentido de oportunidade e atenção aos problemas”, reforça.

Américo Oliveira aplaude, por outro lado, o facto de Francisco “desmascarar e denunciar um tipo de organização social que mantém este problema da pobreza e que tem todas as condições para ajudar a ultrapassar estas situações”.

“O Papa diz que os sindicatos têm de fazer muito barulho em determinadas situações porque as soluções são possíveis, e que os homens é que são incautos, os dirigentes e responsáveis é que são incautos e não atendem às causas concretas para que a vida das pessoas e trabalhadores seja melhor”, remata.

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