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​Novo livro de Bento XVI publicado postumamente a seu pedido

19 jan, 2023 - 09:30 • Aura Miguel

Embora Ratzinger tenha ordenado a destruição de suas notas pessoais, depois de morrer, autorizou a publicação dos seus textos teológicos produzidos após a renúncia, em 2013.

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Foto: L'Osservatore Romano/EPA

“O que é o Cristianismo. Quase um testamento espiritual” é o título de um novo livro de Bento XVI, já disponível em italiano.

“Este volume, que reúne os textos que escrevi no mosteiro Mater Ecclesiae, será publicado após a minha morte”, explica o próprio no prefácio.

"Quando anunciei minha renúncia ao ministério de sucessor de Pedro, em 11 de fevereiro de 2013, não tinha planos sobre o que faria na minha nova situação", escreve Bento XVI numa breve introdução. "Eu estava demasiado cansado para planear mais trabalho.”

O Papa emérito explica que, lentamente, após a eleição do Papa Francisco, foi retomando o trabalho teológico. ”Assim, ao longo dos anos, uma série de contribuições de pequeno e médio porte foi-se concretizando, as quais são apresentadas neste volume."

Embora Ratzinger tenha ordenado a destruição de suas notas pessoais, autorizou, no entanto, a publicação dos seus textos teológicos produzidos após a renúncia, em 2013.

O livro reúne 16 textos, quase todos escritos por volta de 2018. Inclui discursos, cartas, artigos, na sua maioria conhecidos. No entanto, cinco destes textos são, no todo ou em parte, inéditos e referem-se ao diálogo islâmico-cristão, à definição do conceito de religião ou ao significado de comunhão.

Num destes textos inéditos, intitulado "Monoteísmo e tolerância", Bento XVI critica duramente "a crescente intolerância exercida precisamente em nome da tolerância”, nas sociedades contemporâneas.

“O Estado moderno do mundo ocidental considera-se em parte uma grande potência de tolerância, rompendo com as tradições sem sentido e pré-racionais de todas as religiões”, escreve o Papa emérito. Além disso, "por causa da sua manipulação radical dos homens e da alteração dos sexos por meio da ideologia de género, ela opõe-se especialmente ao cristianismo".

Para Bento XVI, que baseia sua reflexão em várias passagens do Antigo Testamento, “o pensamento moderno não quer mais reconhecer a verdade do ser, mas quer-se apoderar do ser.”

Ratzinger critica a "reivindicação ditatorial de ter sempre razão" e "o abandono da antropologia cristã e do estilo de vida que deriva dele, considerando-o pré-racional". E acrescenta que “a intolerância desta aparente modernidade contra a fé cristã, ainda não se transformou em perseguição aberta. No entanto, apresenta-se de forma cada vez mais autoritária, tentando alcançar, com a legislação que dela deriva, a extinção do que é essencialmente cristão”.

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