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Dia Mundial do Doente

Papa Francisco alerta para “abandono” e “solidão” na doença

10 jan, 2023 - 12:45 • Ângela Roque

Mensagem para o Dia Mundial do Doente apela à compaixão por quem sofre, e recorda lições da pandemia, pedindo que em cada país se garanta a todos “o acesso aos cuidados médicos e o direito fundamental à saúde”.

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“A doença faz parte da nossa experiência humana. Mas pode tornar-se desumana, se for vivida no isolamento e no abandono”, começa por afirmar o Papa na mensagem para o XXXI Dia Mundial do Doente, que se assinala a 11 de fevereiro. No texto, divulgado esta terça-feira pelo Vaticano, Francisco diz que a cultura do descarte, em que hoje se vive, empurra para a solidão quem está em sofrimento.

Nunca estamos preparados para a doença; e muitas vezes nem sequer para admitir a idade avançada. Tememos a vulnerabilidade, e a invasiva cultura do mercado impele-nos a negá-la. Não há espaço para a fragilidade. E assim o mal, quando irrompe e nos ataca, deixa-nos por terra atordoados. Então, pode acontecer que os outros nos abandonem, ou nos pareça que devemos abandoná-los, a fim de não nos sentirem um peso para eles. Começa assim a solidão”, alerta o Papa, lembrando que “através da experiência da fragilidade e da doença” se pode aprender a “caminhar juntos segundo o estilo de Deus, que é proximidade, compaixão e ternura”.

Francisco propõe, para isso, a “leitura atualizada da parábola do Bom Samaritano”, que se deixa “mover pela compaixão” e cuida do estranho abandonado na estrada, tratando-o como irmão”. Uma atitude que pede também à Igreja, para que seja “um válido ‘hospital de campanha’, porque “a sua missão, especialmente nas circunstâncias históricas que atravessamos, exprime-se na prestação de cuidados. Todos somos frágeis e vulneráveis; todos precisamos daquela atenção compassiva que sabe deter-se, aproximar-se, cuidar e levantar”.

O Papa admite que hoje não é fácil “distinguir os atentados à vida e à sua dignidade que provêm de causas naturais” e os que são provocados “por injustiças e violências”, já que “o nível das desigualdades” e a “prevalência dos interesses de poucos, já incidem de tal modo sobre cada ambiente humano que é difícil considerar ‘natural’ qualquer experiência”. Mas, o importante, diz, “é reconhecer a condição de solidão, de abandono”, e “para a eliminar – como conta a parábola – basta um momento de atenção”.

Sublinhando que “o Dia Mundial do Doente não convida apenas à oração e à proximidade com os que sofrem”, mas pretende também “sensibilizar o povo de Deus, as instituições de saúde e a sociedade civil para uma nova forma de avançar juntos”, Francisco lembra as lições da pandemia, para dizer que apesar dessa experiência ter feito aumentar o “sentimento de gratidão por quem diariamente trabalha em prol da saúde e da investigação médica”, ao sair “de uma tragédia coletiva assim tão grande, não é suficiente o prestar honras aos heróis”.

A crise pandémica, afirma, “mostrou os limites estruturais dos sistemas de assistência social existentes”. Pede, por isso, que a gratidão merecida a quem lutou para salvar vidas “seja acompanhada, em cada país, pela busca ativa de estratégias e recursos a fim de serem garantidos a todo o ser humano o acesso aos cuidados médicos e o direito fundamental à saúde”.

A mensagem para o XXXI Dia Mundial do Doente intitula-se ‘Trata bem dele! - a compaixão como exercício sinodal de cura’, e foi inspirada no Evangelho de São Lucas e na parábola do Bom Samaritano.

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