11 nov, 2022 - 18:00 • Ricardo Vieira
O Vaticano ordenou a abertura de uma investigação ao cardeal francês D. Jean-Pierre Ricard, que admitiu ter cometido abusos sexuais contra uma menor de 14 anos.
A investigação preliminar vai ter início assim que for escolhida a pessoa mais indicada para a liderar, afirmou esta sexta-feira o porta-voz da Santa Sé, Matteo Bruni.
“Estamos atualmente no processo de avaliar a pessoa mais idónea para liderar a investigação, com a necessária autonomia, imparcialidade e experiência, levando também em conta o facto de que as autoridades judiciárias francesas abriram um processo sobre este caso”, indicou o porta-voz do Papa Francisco.
O bispo emérito de Bordéus, D. Jean-Pierre Ricard, admitiu ter cometido abusos sexuais contra uma menor de 14 anos. O caso aconteceu há 35 anos.
D. Jean-Pierre Ricard, que esteve mais de 14 anos na Congregação para a Doutrina da Fé, confessou ter violentado a jovem, numa ação que admite ter sido “condenável”.
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O anúncio foi feito na segunda-feira pelo presidente da Conferência Episcopal da França (CEF), Eric de Moulins-Beaufort, reunida em Lourdes para a assembleia plenária de outono.
“Há 35 anos, quando era pároco, comportei-me de forma reprovável com uma menina de 14 anos. O meu comportamento necessariamente causou consequências graves e duradouras a esta pessoa”, escreveu o cardeal em mensagem lida por Moulins-Beaufort.
O cardeal, de 78 anos, assegura, ainda, que se colocou à disposição da Justiça, tanto cível quanto canónica, e que pediu “perdão” à vítima.
O atual bispo de Bordéus, Jean-Paul James, expressou simpatia pelas vítimas e renovou o apelo à denúncia de mais casos que possam ter acontecido.
Outro prelado acusado é Michel Santier, bispo de Luçon e, depois, de Créteil, que admitiu ter pedido, na década de 1990, a dois jovens que se despissem por cada pecado confessado.
Sumo Pontífice envergonhado com abusos. "Ainda há (...)
Foi punido em 2021 pelas autoridades do Vaticano por “abuso espiritual e voyeurismo”. No entanto, o silêncio em torno da sua sanção provocou, nas últimas semanas, uma forte reação entre católicos e grupos de vítimas.
“Hoje há seis casos de bispos [no ativo] que foram acusados perante a justiça do nosso país ou perante a justiça canónica”, disse o presidente da CEF.
Sem entrar em detalhes, o bispo Eric de Moulins-Beaufort apontou a “grande diversidade de situações em relações aos atos cometidos ou de que são acusados”, vincando que a Igreja tem o dever de garantir que os bispos e outros funcionários “não usem o seu estatuto eclesial para prejudicar pessoas frágeis ou vulneráveis”.
“A Igreja deve acompanhar os possíveis culpados com misericórdia, mas também com justiça”, declarou.
Os acusados enfrentarão processos civis ou procedimentos disciplinares da Igreja.
Há cerca de um ano, uma investigação encontrou indícios de milhares de casos de pedofilia no seio da Igreja Católica francesa. Um estudo polémico e que foi alvo de contestação pela metodologia usada.