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Burkina Faso. Terrorismo islâmico fecha várias paróquias

27 jul, 2022 - 10:31 • Olímpia Mairos

Com o agravamento das condições de segurança, muitas pessoas têm abandonado as suas casas e aldeias, refugiando-se nas localidades onde há uma presença mais visível do exército.

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Agrava-se a situação de insegurança na Diocese de Fada N’Gourma, na região oriental do Burkina Faso, onde as ameaças de novos ataques, por parte de grupos radicais islâmicos, são uma constante.

De acordo com a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), cinco paróquias foram mesmo forçadas a encerrar por completo as suas atividades e o seminário de San Kisito teve de ser transferido para a capital regional, por questões de segurança.

A fundação pontifícia alerta que os “roubos e assassinatos aumentaram significativamente no decorrer deste ano, com destaque para cinco das dezasseis paróquias, que foram alvo de ataques e tiveram mesmo de fechar por questões de segurança”.

“Em outras sete paróquias, a atividade da Igreja está muito condicionada pois os grupos armados boqueiam a maioria das estradas, controlam as rotas terrestres e têm destruído as redes de comunicação. Por causa disso, os sacerdotes estão impossibilitados de viajar e de contactar também com os seus paroquianos. Nas restantes aldeias da diocese, a circulação de pessoas é muito limitada também”, acrescenta a AIS.

Ainda de acordo com a fundação, até setembro do ano passado apenas cerca de um terço do território diocesano estava acessível ao trabalho pastoral da Igreja, o que correspondia a 155 das 532 aldeias.

“Em abril deste ano, o número de aldeias acessíveis já havia decrescido para apenas 29, o que representa menos de 6% total”, adianta.

Terroristas escolhem as localidades maiores

Na origem desta situação que afeta o Burkina Faso desde 2015, mas que se agravou a partir de 2019, está a violência jihadista a que ninguém parece escapar nem mesmo os mais velhos.

Segundo a AIS, há mais de 110 dias que se desconhece o paradeiro de Suellen Tennyson, uma irmã norte-americana de 83 anos de idade, sequestrada a 5 de abril no norte do país.

A religiosa, que pertence à Congregação das Irmãs Marianitas de Santa Cruz, estava em casa, na paróquia de Yalgo, juntamente com a sua comunidade, quando homens armados invadiram as instalações e a “arrastaram” dali para fora, como descreveu, na ocasião, o bispo de Kaya.

“Antes de deixarem o local – disse D. Théophile Naré –, os assaltantes destruíram os quartos e danificaram o veículo da comunidade”.

No relatório enviado pela Diocese de Fada N’Gourma à Fundação AIS, um sacerdote local refere que os terroristas invadem as aldeias e localidades de maior dimensão quase sempre sem a oposição das forças da ordem.

Com o agravamento das condições de segurança, muitas pessoas têm abandonado as suas casas e as suas aldeias, refugiando-se nas localidades onde há uma presença mais visível do exército, como é o caso de Matiakoli, cuja igreja paroquial passou a encher-se de fiéis aos domingos.

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