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Abusos sexuais

Bento XVI acusado de ter encoberto caso quando era cardeal. Secretário desmente

05 jan, 2022 - 11:48 • Ângela Roque

A notícia foi divulgada por alguns órgãos de comunicação social alemães, que citam um documento oficial, mas o secretário pessoal do Papa Emérito já desmentiu as acusações.

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Joseph Ratzinger é acusado de não ter comunicado ao Vaticano os abusos sexuais de menores cometidos por um sacerdote alemão. Na acusação é ainda referido que autorizou a transferência do sacerdote para outra diocese. A notícia foi divulgada segunda-feira por alguns órgãos de comunicação social alemães, nomeadamente a televisão pública ZDF e o semanário “Die Ziet”, que citam um decreto extrajudicial do Tribunal Eclesiástico da Arquidiocese de Munique-Freising, de 2016.

Numa reação à notícia, o secretário pessoal do Papa Emérito rejeita as acusações. Ouvido pela ZDF, Georg Gänswein nega que Bento XVI tenha tido conhecimento da história prévia do sacerdote em causa, nomeadamente das acusações de agressão sexual, o que significa que “não violou a sua obrigação de informar Roma”.

O caso remonta a 1980, quando o Papa Emérito era cardeal e arcebispo de Munique, para onde o sacerdote em causa, Peter H., foi transferido da diocese de Essen, depois de ter abusado de vários menores. Segundo o documento citado pelos media alemães, apesar de terem conhecimento das acusações, os seus superiores não as esclareceram e obrigaram o sacerdote a fazer terapia psicológica.

O cardeal Ratzinger aprovou a transferência para a sua diocese e, de acordo com a acusação, não terá denunciado o caso ao Vaticano. De acordo com os media alemães, após a transferência, o sacerdote continuou a prática de abusos, pelos quais acabou por ser condenado, em 1986, a 18 de prisão, o que levou as autoridades eclesiásticas a transferi-lo novamente, desta vez para Garching, no sul da Alemanha.

Segundo a emissora de televisão pública ZDF e o semanário “Die Ziet”, que avançaram com a investigação, o decreto judicial - a que tiveram acesso - acusa o então cardeal Ratzinger e outras autoridades eclesiásticas – como os seus vigários gerais -, de não terem cumprido a sua “responsabilidade” para com as “crianças e adolescentes confiados ao seu cuidado pastoral”, o que leva o semanário a considerar que Ratzinger “se absteve deliberadamente de sancionar o crime”.

Após a divulgação da notícia, Georg Gänswein, secretário pessoal do Papa Emérito, negou os fundamentos da notícia rejeitando que Bento XVI tenha tido conhecimento das acusações de agressão sexual por parte do sacerdote em causa, sublinhando que o então Cardeal Ratzinger “não violou a sua obrigação de informar Roma”.

Peter H. não foi destituído do sacerdócio até 2010, facto pelo qual o documento também critica o atual arcebispo de Munique, o cardeal Reinhard Marx, que em 2008 pediu um relatório psiquiátrico sobre o estado mental do sacerdote, que optou por transferir de novo, mas sem informar as autoridades nem o Vaticano.

Em junho de 2021, o Papa Francisco rejeitou a resignação do cardeal Marx que tinha apresentado a sua demissão face aos "erros institucionais e sistemáticos" relacionados com a crise de abuso de menores na Alemanha.

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