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JMJ Lisboa 2023

Em tempo de pandemia, símbolos da JMJ visitaram hospital de Beja. “Tivemos muitos momentos difíceis”

23 dez, 2021 - 16:09 • Rosário Silva

Com um baixo índice de prática religiosa e uma população muito envelhecida, a diocese de Beja olha para a Jornada Mundial da Juventude e a sua preparação, como uma espécie de “balão de oxigénio”. A equipa coordenadora da JMJ desdobra-se em iniciativas até ao final de dezembro, aproveitando a bênção de ter na diocese a presença dos símbolos das jornadas.

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Maria Madalena Covas Lima é fisioterapeuta e foi uma das profissionais de saúde do Hospital José Joaquim Fernandes, em Beja, que marcou presença na modesta procissão que transportou os símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), numa curta distância entre o Hospital de Dia e os serviços centrais deste estabelecimento hospitalar.

“Foi um gesto muito bonito e interiormente tocou-me muito levar a Cruz”, disse à Renascença, emocionada.

Os símbolos, a Cruz da JMJ e o Ícone de Nossa Senhora, percorrem, em peregrinação e nos próximos meses, todas as dioceses de Portugal.

Foram confiados pelo Papa São João Paulo II aos jovens de todo o mundo e vão estar um mês em cada diocese, até julho de 2023, antecedendo a JMJ que decorre, em Lisboa, entre 1 e 6 de agosto desse ano.

Em tempo de Advento, na caminhada para o Natal, Beja é a diocese que recebe os símbolos, dinamizando um conjunto de iniciativas mobilizadoras da comunidade em todo o território. Uma das presenças mais marcantes deste percurso pela diocese alentejana, foi a passagem pelo hospital bejense.

“Por causa desta pandemia, há muitos doentes a sofrer, muitos acabam por morrer, sozinhos, sem os familiares, apenas com os profissionais de saúde por perto, e esta vinda dos símbolos mexeu muito comigo”, reafirma a profissional que coordena os fisioterapeutas no Serviço de Medicina Física.

Um sentimento confirmado pelo capelão do hospital, o padre José Maria Coelho: “Esta iniciativa veio dar alento aos profissionais que ficaram muito agradecidos, pois muitos são católicos e outros são apenas crentes”.

O sacerdote recorda que “tivemos muitos momentos difíceis”, sobretudo “há um ano, com muitas mortes por semana, com todas as unidades completamente cheias e com os nossos profissionais esgotados”.

Por força das regras impostas, também o capelão viu a sua atividade restringida, mas sempre que era solicitado, foi presença assídua junto dos que mais estavam necessitados.

“Cheguei a dar a Santa Unção, todo encapotado com aquele equipamento de segurança, acompanhei as famílias e houve lutos muito difíceis, e também os profissionais que às vezes sentiam necessidade de desabafar, acolhi alguns, ouvindo-os e procurando dar-lhes animo”, conta-nos José Maria Coelho.

Para este padre, a pandemia “leva-nos a tomar mais consciência” de que todos “precisamos uns dos outros e todos somos necessários neste país que precisa de esperança”.

Sobre a presença, neste mês de dezembro na diocese, da Cruz peregrina e do Ícone de Nossa Senhora, o sacerdote olha para o acontecimento como sendo “um sinal e um convite a que nos aproximemos daquilo que dá sentido à nossa vida individual e coletiva”.

Igreja de Beja espera que JMJ ajude a rejuvenescer comunidade

Com um baixo índice de prática religiosa e uma população muito envelhecida, a diocese de Beja olha para a Jornada Mundial da Juventude e a sua preparação, como uma espécie de “balão de oxigénio”.

A equipa coordenadora da JMJ desdobra-se em iniciativas até ao final de dezembro, aproveitando a bênção de ter na diocese a presença dos símbolos das jornadas.

“Temos procurado chegar a sítios, claro, onde existem jovens, como as escolas, muitas das quais nos têm aberto as portas”, assegura o padre Francisco Molho.

Além das igrejas, “procuramos passar por outros contextos, nem sempre tão óbvios para a Igreja católica”, como “ruas, mercados, largos, instituições, lares ou centros infantis”, exemplifica o coordenador do Comité Organizador Diocesano (COD) de Beja para a JMJ.

Ainda é cedo para perceber se a diocese alentejana vai poder contar com a presença de muitos jovens em 2023, na cidade de Lisboa, mas é nesse sentido que se trabalha e “a passagem dos símbolos tem-nos mostrado que esta jornada mobiliza jovens e menos jovens”, o pode ser indicador do “interesse e envolvimento da diocese”.

O padre Francisco Molho, também ele um jovem, espera que “tudo isto possa despertar o coração dos jovens, que são poucos, mas esperamos saber ir ao encontro destes e trazê-los até Cristo e até à Virgem Maria”.

O sacerdote acredita que é possível dizer aos mais novos “que a Igreja está com eles e os acompanha na sua fé”, ao mesmo tempo que mantém vivo o desejo “que as nossas comunidades possam rejuvenescer”.

O foco está nos jovens, mas esta passagem dos símbolos pela diocese de Beja não esqueceu, como já demos conta, os profissionais de saúde. A Cruz peregrina e o Ícone de Nossa Senhora visitaram o Hospital José Maria Fernandes, para ser “sinal de esperança” para todos os que, no meio das dificuldades, combatem, “esta pandemia que nos aprisiona”, refere à Renascença, o responsável pelo COD.

“Penso que estes homens e mulheres sentem esta presença como sinal de que Deus não nos abandona e caminha connosco”, sublinha.

Uma opinião partilhada por D. João Marcos. O bispo de Beja nem sempre consegue acompanhar pessoalmente todas as iniciativas relacionadas com JMJ, mas, refere, “os ecos que me têm chegado são muito positivos”.

O prelado fez questão de marcar presença no hospital, tendo rezado por todos os que ali trabalham e pelos doentes, lembrando, ao mesmo tempo, que “a Cruz e o Ícone da Virgem Maria são o resumo do Cristianismo”, assumindo maior relevância “neste período em que a pandemia nos pôs a todos à prova”.

Os símbolos da JMJ peregrinam pela diocese alentejana neste Avento, “num tempo de encantamento”, como conta São Lucas, “entre a Anunciação do Anjo e o Nascimento de Jesus”, recorda D. João Marcos.

O pastor da Igreja bejense equipara as jornadas da juventude à fecundidade da Igreja. “A Igreja é fecunda ou, não é? O que é necessário para ser fecunda? É necessário escutar essa palavra? É necessário levar essa palavra aos outros? É necessário viver este momento de encantamento que Santa Isabel e a Virgem Maria viveram”, conclui o prelado.

Peregrinação dos Símbolos nas dioceses de Portugal

Novembro 2021 – Algarve
Dezembro 2021 – Beja
Janeiro 2022 – Évora
Fevereiro 2022 – Portalegre- Castelo Branco
Março 2022 – Guarda
Abril 2022 – Viseu
Maio 2022 – Funchal
Junho 2022 – Angra
Julho 2022 – Lamego
4 a 7 agosto 2022 – Peregrinação Europeia de Jovens em Santiago de Compostela
Agosto 2022 – Bragança-Miranda
Setembro 2022 – Vila Real
Outubro 2022 – Porto
Novembro 2022 – Setúbal
Dezembro 2022 – Forças Armadas e Segurança
Janeiro 2023 – Viana do Castelo
Fevereiro 2023 – Braga
Março 2023 – Aveiro
Abril 2023 – Coimbra
Maio 2023 – Leiria-Fátima
Junho 2023 – Santarém
Julho 2023 – Lisboa

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