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Évora

E se a gruta de Belém fosse, afinal, a arcada da Praça do Giraldo?

24 dez, 2021 - 08:04 • Rosário Silva

Da autoria do arquiteto António Bouça, o “Presépio Évora”, exposto na Igreja de S. Francisco, é cheio de singularidades com destaque para os valores culturais da região elevados a Património da Humanidade.

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Se, por estes dias, passar pela Igreja de S. Francisco, uma das mais bonitas da cidade de Évora, vai poder contar com duas atrações que, seguramente, vão enriquecer as suas festas.

A primeira é o “Presépio Évora”, encomendado ao arquiteto António Bouça e que está exposto na nave da igreja. A segunda é a exposição temporária “presépios de Lisboa e Vale do Tejo”, com peças da Coleção Canha da Silva e que é apresentada na galeria norte deste templo.

“Presépio Évora” com mais de 500 peças em barro

Trata-se de um Presépio que foi concebido tendo na génese a recriação do nascimento de Jesus na cidade de Évora, em concreto, na grande sala de visitas, a Praça de Giraldo e, mais especificamente, por baixo da arcada onde se localiza uma livraria que, não por acaso, se chama Nazareth.

A obra, que representa a cidade viva no seu dia a dia, coloca também em destaque quatro dos grandes valores culturais do Alentejo, classificados como Património Mundial: o Centro Histórico - que lhe serve de cenário, o Figurado de Barro de Estremoz – a dar vida e alma à cidade, o Cante Alentejano - no grupo coral situado no adro da Igreja de Santo Antão, e os Chocalhos de Alcáçovas - representados sob as arcadas.

Se o céu estrelado permite identificar diversas constelações, visíveis em dezembro na cidade, a multiplicidade de figuras oferece uma grande fusão entre o passado e o presente, numa cidade que fervilha de vida e rejubila com a Boa Nova”, realça a nota de apresentação da Igreja de S. Francisco, enviada Renascença.

Todo o conjunto, projetado durante quatro meses, levou mais de um ano a ser executado e compreende “45 construções, oito das quais correspondem a edifícios de maior complexidade e elevado nível de pormenorização, como as igrejas, o templo romano, o aqueduto ou a fonte, 564 peças em barro que compreendem 236 figuras humanas, 205 figuras de animais e 123 objetos diversos, bem como um sistema de iluminação”, é referido.

O presépio, com 3,60 metros de largura, quase dois metros de altura e 1,77 metros de profundidade, é assinado pelo arquiteto António Bouça, com desenho de Ivo Brazílio.

As peças em barro são da autoria das Irmãs Flores e de Ricardo Flores, de Estremoz, a carpintaria e pintura foram feitos por Fernando Santos, Joaquim Vida e Joaquim Nunes, de uma carpintaria de Évora, e os trabalhos de eletricidade são da autoria de Modesto Riga. A coordenação esteve a cargo do cónego Manuel da Silva Ferreira.

Mestres barristas nos Presépios de Lisboa e Vale do Tejo

A par desta criação artística, a Igreja de S. Francisco tem também patente na galeria norte, até outubro de 2022, a exposição temporária “Presépios de Lisboa e Vale do Tejo”, com peças pertencentes à Coleção Canha da Silva.

“Depois de um ano de interregno, retomamos o ciclo de exposições temáticas que anualmente complementam o núcleo de peças da Coleção Canha da Silva, cerca de 250 peças de todo o mundo, aqui exposto em permanência”, recorda a nota de imprensa.

Este ano, são mostradas peças de artistas da região de Lisboa e Vale do Tejo, “para ver até outubro do próximo ano”. Para este efeito, “foram escolhidas 174 peças provenientes de uma vasta região que compreende integralmente o distrito de Lisboa e parte dos distritos de Santarém, Setúbal e Leiria”, é mencionado.

Entre o que pode apreciar, está por exemplo, o ciclo da Natividade, “interpretado pela mão de grandes mestres barristas como José Franco, de Mafra, Vitor Pires, das Caldas da Rainha, a artista Maria Helena Lourenço, de Corroios ou o notável autor de figurado Joaquim Paiva, de Torres Novas”.

As propostas não ficam por aqui. Também pode contemplar “as artes do têxtil e do papel (quilling e pergamano) nos magníficos registos do arquiteto Manuel Ferrão de Oliveira e de Esmeralda Serra, um conjunto de miniaturas digno de nota e outros tantos presépios de diversos autores do chamado artesanato contemporâneo”.

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