01 nov, 2020 - 13:36 • Henrique Cunha
Partindo daquilo que é “o chamamento universal à Santidade”, Alexandre Moreira pretendeu perceber como é que, "na contemporaneidade, se pode tornar plena e total a vivência da fé".
Ou seja, o aluno do Seminário Maior do Porto quis "estudar a santidade na eclesiologia presente" e, em particular, o percurso de santidade do bispo do Porto D. António Francisco dos Santos, falecido a 11 de setembro de 2017.
Em declarações à Renascença, Alexandre lembra que “o ponto de partida da investigação foi um seminário teológico do curso de mestrado integrado de Teologia”, em que se estudou a santidade nos autores patrísticos e em que, “depois, surgiu em conversa com um ou outro colega esta hipótese de estudar o ministério episcopal do bispo falecido, nesta chave ou nesta ótica da santidade”.
Da investigação constam, “naturalmente, por exemplo, as visitas ao túmulo, a questão de as pessoas perguntarem muitas vezes quem era o bispo que lá está sepultado”.
“O que eu tentei procurar foi concretizar e verificar como é que na vida se pode assumir neste ideal que é estudado na primeira parte da tese; se pode tornar como marca verdadeira e autêntica daquilo que é a vivência da fé, encarnada naturalmente no Evangelho e a partir do Evangelho”, refere o teólogo.
Na base da investigação de Alexandre Moreira estiveram, em particular, as homílias dos 11 anos de D. António Francisco como bispo residente.
“A alturas tantas, quando falo da bondade, enquadro-a e tento-a compreender à luz sempre daquilo que são os textos do bispo enquanto espelho de santidade, de vida e mediada pela caridade”, explica. E, na tese, “eu falo precisamente disto, desta cultura do encontro como caminho de santidade ativa e caritativa”.
Entrevista
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Uma das curiosidades da investigação do jovem teólogo foi a de tentar perceber porque é que o túmulo de D. António Francisco tinha tantas visitas.
Alexandre Moreira refere ter encontrado “respostas no plano teórico”, porque fez “um estudo sistematizado e aprofundado daquilo que são os escritos do bispo”, mas fica a faltar um estudo aprofundado sobre a teologia pastoral D. António Francisco dos Santos.
“Para perceber realmente se estes intuitos que eu tentei apresentar fazem sentido e se tornam verdadeiros naquilo que foi a vivência quotidiana do bispo, necessitaria de um estudo daquilo que é a teologia pastoral, a teologia prática. Ou seja, circunscrever o estudo a um ciclo de pessoas e, a partir daí, por meio de um questionário ou de um inquérito, tentar perceber como é que estas várias marcas constitutivas se fizeram verdade naquilo que foi a vida, o ministério e acima de tudo o serviço que o senhor D. António teve durante estes 11 anos de ministério enquanto bispo residente", esclarece Alexandre Moreira.
Ainda assim, o investigador refere que, enquanto lia as homílias de D. António Francisco dos Santos, se foi “apercebendo que o homem tinha um pensamento muito consistente, muito simples e acima de tudo muito transparente naquilo que são, por exemplo, as várias temáticas que eu abordei na tese: a questão da espiritualidade sacerdotal e depois a própria vivência da santidade enquadra dada no serviço e na bondade”.
“Creio que foi muito simples, mas ao mesmo tempo belo e complexo o processo de leitura e de discernimento e de consideração das temáticas que D. António Francisco apresentava", sublinha Alexandre Moreira.
O teólogo reforça a ideia de que "ser santo é algo muito atual" e que D. António Francisco se fez notar “pelo encontro com os pobres, pelo apoio aos sem abrigo, no fundo com aquilo que são as bem-aventuranças".
"A Santidade: porta do Céu, calendário de vida. O Ministério Episcopal da Santidade em D. António Francisco dos Santos" é o tema da dissertação do aluno do Seminário Maior do Porto.