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​Líder islâmico quer lei para judeus sefarditas alargada aos muçulmanos

16 mar, 2018 - 20:05

Reitor da Universidade de Al-Azhar, no Egito, quer ter um departamento de português e "facilitar a pesquisa científica" com Portugal em estudos nas áreas da história da ciência, filosofia e língua árabe.

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O reitor da Al-Azhar, a maior universidade islâmica do mundo, defende que o Estado português deve dar aos descendentes dos muçulmanos expulsos após a reconquista cristã os mesmos direitos de acesso à nacionalidade que concede aos judeus sefarditas.

"Os muçulmanos que são descendentes de famílias muçulmanas naquela época também têm o direito de recorrer às entidades para terem os seus direitos", afirmou Ahmed Mohamed Al-Tayyeb, reitor da universidade de Al-Azhar, no Egipto, em entrevista à agência Lusa.

Nos séculos XII, XIII e XIV, muitos muçulmanos e moçárabes foram massacrados ou expulsos da Península Ibérica, durante a reconquista cristã, que também conduziu à expulsão dos judeus que continuassem a professar a fé judaica.

Nos últimos anos, Portugal pediu desculpas pela expulsão dos judeus e em março de 2015 publicou um diploma que concede o direito de cidadania aos descendentes dessas famílias.

Um total de 2.160 sefarditas, judeus originários da Península Ibérica expulsos de Portugal no século XVI, adquiriram a nacionalidade portuguesa desde 2016, de acordo com dados do Instituto dos Registos e do Notariado.

Na abertura da sessão de abertura dos "Encontros de reflexão comemorativos dos 50 anos da fundação da Comunidade Islâmica de Lisboa", reitor da Universidade de Al Azhar enalteceu, na Mesquita Central de Lisboa, "a experiência pioneira" de Portugal em termos de tolerância, que deveria ser seguida em toda a Europa.

"A tolerância em Portugal é uma experiência pioneira", afirmou, em árabe, agradecendo ao "povo português" o "espírito de convivência" com a comunidade muçulmana.

O imã de uma das universidades sunitas mais importantes do mundo, considerada autoridade na interpretação do Corão, assinalou a "boa experiência de Portugal", que deveria ser seguida por "toda a Europa", onde há "violência e grupos armados".

Segundo Ahmad Mohammad El Tayyeb, ainda subsistem "muros noutros países europeus".

O reitor disse que os muçulmanos "têm uma grande dívida" com Portugal, país que "contribuiu para a humanidade".

Num gesto de reconhecimento, Ahmad Mohammad El Tayyeb manifestou a "vontade enorme" de a Universidade de Al Azhar ter um departamento de português e "facilitar a pesquisa científica" com Portugal em estudos nas áreas da história da ciência, filosofia e língua árabe.

Na sua intervenção, em árabe, o imã lembrou o contributo dos muçulmanos nas artes e ciências e que estudaram em Portugal.

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