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Refeições de Maria. “Sentimo-nos chamados a ir onde as crianças sofrem mais, onde as coisas são mais sombrias”

13 mai, 2024 - 07:45 • Aura Miguel

A iniciativa Refeições de Maria alimenta mais de 2,4 milhões de crianças todos os dias letivos do ano. O seu fundador, Magnus MacFarlane-Barrow, está em Portugal, onde um grupo de voluntários organizou vários encontros para dar a conhecer este projeto.

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A iniciativa "Mary’s Meals" alimenta mais de 2,4 milhões de crianças todos os dias letivos do ano. Nasceu na Escócia e espalhou-se pelos países mais pobres do mundo.

O seu fundador, Magnus MacFarlane-Barrow, está em Portugal, onde um grupo de voluntários organizou vários encontros para dar a conhecer este projeto.

Um dos encontros decorre na Universidade Católica de Lisboa, esta segunda-feira ao meio-dia.

Em que consiste “Mary’s Meals”?

“Mary's Meals” (Refeições de Maria) é um trabalho muito simples. Trata-se de fornecer uma refeição todos os dias às crianças mais pobres do mundo e essas refeições são servidas nos locais onde estudam. Assim, damos às crianças mais pobres a oportunidade de frequentarem a escola e de aprender.

Que podemos fazer para ajudar?

Todos podem ter um papel nesta missão. Em primeiro lugar, nós os que rezamos, podemos rezar por este trabalho: descrevo-o como um fruto de oração, algo que nunca planeei. Então, as pessoas podem rezar por este trabalho e podem também ser voluntárias de várias maneiras. Não temos grandes orçamentos para marketing e comunicação, por isso, contamos com pessoas que dedicam o seu tempo a dar palestras, a juntar outras pessoas e organizar eventos. E é claro que precisamos de pessoas que também dêem presentes, compartilhem um pouco do que têm.

Hoje custa-nos, em média, 22 euros apenas para alimentar uma criança durante um ano letivo inteiro.

22 euros por um ano…?

Sim, parece impossível, mas é possível, é um número real, principalmente porque quase todo o nosso trabalho é feito gratuitamente por voluntários. Assim, nas comunidades em África e no Haiti, onde servimos as refeições, toda a cozinha e o trabalho diário são feitos por voluntários não remunerados dessas comunidades. Esse é o presente deles. E também os alimentos, pois, sempre que possível, compramo-los localmente, cultivamo-los lá, produzimos alimentos e, por isso, também apoiamos os agricultores locais.

Quais são os principais destinos para essas ajudas?

Hoje, globalmente, alimentamos mais de 2,4 milhões de crianças, em todos os dias letivos. Sem dúvida que o nosso maior projeto está no Malawi, onde começámos e conseguimos fazer com que 1 milhão de crianças, só naquele país, tenham acesso às Refeições de Maria (“Mary’s Meals”) todos os dias. Temos depois outros grandes programas de apoio na Zâmbia, Madagáscar, Haiti, Libéria e muitos outros países.

Sentimo-nos chamados a ir onde as crianças sofrem mais, onde as coisas são mais sombrias. Por isso, estamos no Sudão do Sul, por exemplo.

E para os interessados, como se pode ajudar?

Podem compartilhar um pouco do que têm para que possamos alcançar a próxima criança que está à espera. Há uma lista de escolas a aguardar as Refeições de Maria. E também gostaria de pedir às pessoas que rezem para que realmente façamos este trabalho de uma forma que honre a nossa Mãe Santíssima. Este é o trabalho d’Ela, não é pouca coisa. Levamos o nome d’Ela, por isso, queremos fazer este trabalho sempre de uma forma que a honre e que aponte sempre para o seu filho, Jesus.

Porque está em Portugal?

Temos aqui um grupo incrível de voluntários que estão a divulgar o projeto e a arrecadar fundos. Eles convidaram-me para vir a Fátima neste dia tão especial. Fiquei tão feliz por estar aqui, que não precisei de muita persuasão para aceitar.

Como é que se tornou chefe deste projeto?

Chamam-me o fundador, embora nunca o tenha planeado. Foi algo que aconteceu de forma muito inesperada na minha vida. Quando eu tinha apenas 14 anos, fizemos uma peregrinação familiar a Medjugorje (santuário mariano na Bósnia) e isso mudou, realmente, as nossas vidas. Os meus pais sentiram que Deus lhes pedia que transformassem a nossa casa num centro de retiros católico, uma casa de oração.

A nossa casa era um pequeno hotel na Escócia e, 40 anos depois, ainda o é. A comunidade de pessoas cresceu em torno do local onde vivemos. Muitos anos depois, tentei fazer algo para ajudar durante o conflito na Bósnia. O meu irmão e eu recolhemos doações e fomos lá entregar tudo aos refugiados.

Depois voltei para casa e pensei que tinha feito a minha boa acção. Mas as pessoas continuaram a dar ofertas, a dar e dar, sem conseguirmos detê-los. Então, depois de rezar sobre isso, decidi desistir do meu emprego e vendi minha casa.

Que trabalho tinha antes de presidir à “Mary’s Meals”?

Era piscicultor, criador de salmão numa zona muito remota da Escócia. Então, disse a Deus: “Continuarei fazer isto enquanto houver necessidade e enquanto as pessoas continuarem a dar ofertas.” E aqui estamos: trinta anos depois, as pessoas não pararam. Foi assim que este trabalho cresceu.

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