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Papa chama padre ex-advogado financeiro para “task-force” do Vaticano pós-pandemia

24 abr, 2020 - 12:54 • Aura Miguel

O pós-pandemia, na prespetiva do Vaticano, tem de evitar "os erros da crise de 2008" para “evitar que os pobres sejam os mais atingidos". Augusto Zampini é argentino e vai coordenar a equipa escolhida por Francisco.

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O Papa Francisco chamou um padre argentino, Augusto Zampin, para coordenar a “task-force” do Vaticano pós-pandemia.

Zampini não é um sacerdote vulgar. Ainda jovem, era advogado, especialista em direito bancário e financeiro, foi colaborador do Banco central da Argentina, mas, aos 35 anos, mudou radicalmente de vida e seguiu o caminho do sacerdócio.

Durante anos exerceu a sua missão nas favelas de Buenos Aires, junto dos mais pobres. Hoje, aos 50 anos, é um homem-chave na coordenação da “Covid-19 Vatican Commission”.

Esta comissão pós pandemia, recém-constituída pelo Papa, reúne os cinco grupos de trabalho coordenados pelo Dicastério para o Desenvolvimento e Integral, em ligação com os vários sectores do Vaticano e diversas entidades pública, privadas e organismos internacionais, numa inter-acção multidisciplinar em cinco frentes: economia, saúde, política, segurança e ecologia. O padre Zampini é o secretário-adjunto deste novo projecto presidido pelo cardeal Turckson.

Trata-se de “um mecanismo de análise e reflexão sobre as consequências socio-económicas, culturais, políticas e espirituais da pandemia”, explica o próprio Zampini numa entrevista ao portal “Vatican Insider”, do diário italiano “La Stampa”.

“Devemos prever o que está a acontecer e trabalhar, desde já, na perspectiva da ciência e da fé."

“Não pretendemos resolver os problemas do mundo,” mas “queremos contribuir para dar uma resposta global a esta crise que consideramos multi dimensional pelas causas e efeitos na saúde, economia, ecologia e segurança”, doz Zampini, sublinhando que "não podemos repetir os erros da crise de 2008”

“Evitar que os pobres sejam os mais atingidos"

Neste contexto, o padre Zampini lembra que “as decisões que os líderes mundiais tomam hoje vão influenciar profundamente o futuro da humanidade e que "a Igreja pode ajudar”.

O objectivo é acompanhar essas grandes opções, “para que não se repitam os erros da crise de 2008 e que, desta vez, se tenha em conta os mais vulneráveis”, porque “a história ensina-nos que as primeiras vítimas são os pobres”.

Na base desta iniciativa, está a constatação de que as desigualdades sociais se agravam com a pandemia, pois “os que sofrem de disparidade económica correm maior risco de contágio e a doença traz repercussões socio-económicas mais duras a nível de desemprego, violência e falta de acesso a serviços essenciais, como a água”.

Por isso, é preciso ajudar os mais pequenos e fragilizados: “Neste tempo de confusão e desespero, a Igreja pode surgir como ponto de referência e esperança."

Sobre as mudanças “pós Condi-19”, o ex-advogado Zampini, conclui: “Não podemos continuar a manter uma atitude 'business as usual', sendo urgente estabelecer novos critérios para que não se repitam certos erros e se possa criar um mundo mais justo e sustentável."

Comentários
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  • Luiz
    24 abr, 2020 Sintra 22:41
    Obrigado Papa Francisco que Deus o continue a abençoar. A sementeira que tem feito ao longo do seu Pontificado vai dar muitos frutos à nossa querida mãe Igreja.O mundo vai ouvir os seus apelos e nós cristãos precisamos mudar radicalmente de mentalidade e dar o verdadeiro testemunho de Jesus Cristo...o Ressuscitado. Caridade/solidariedade, partilha constante e não só ocasional.
  • Maria Amélia Silva P
    24 abr, 2020 LISBOA 15:44
    OBRIGADA PELO VOSSO FRATERNO SERVIÇO INFORMATIVO.

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