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Cónego João Seabra homenageado por “40 anos de padre a marcar vidas”

09 nov, 2018 - 16:46 • Ângela Roque

Livro “Não sou dono da verdade, mas sou possuído por ela”, com 70 testemunhos, é lançado a 12 de novembro, data da ordenação sacerdotal de João Seabra. Cerimónia será presidida pelo amigo de infância, e colega de liceu e faculdade, Marcelo Rebelo de Sousa.

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O Presidente da República é um dos “amigos de sempre” do cónego João Seabra que, na segunda-feira, celebra 40 anos de sacerdócio. Para além de ter colaborado com o seu testemunho para o livro que vai ser apresentado, Marcelo Rebelo de Sousa vai presidir à cerimónia marcada para as 19h15, na igreja de Santa Joana Princesa, em Lisboa.

“Eram vizinhos de rua, moravam a cinco portas de distância um do outro e foram colegas, primeiro no liceu Pedro Nunes e, depois, na Faculdade de Direito. Portanto, é uma amizade da vida inteira”, conta à Renascença José Maria Seabra Duque.

Coordenador do livro, juntamente com António Pinheiro Torres, Seabra Duque explica que “mais do que uma homenagem, esta é uma forma de mostrarmos a nossa gratidão".

"Pela árvore se conhece o fruto. Por isso, pensámos que a melhor maneira de falar do padre João seria pôr as pessoas com quem ele se cruzou e marcou, a contarem uma história”, completa.

O livro reúne dezenas de testemunhos de várias gerações. “Escolhemos 70, porque havia um limite, mas podiam ser 200 ou 300”, sublinha Seabra Duque, acrescentando que “há histórias de pessoas mais velhas, com 80 anos, até à jovem acabada de se licenciar", porque "foram mesmo muitos os que, ao longo destas quatro décadas, foram tocados pelo encontro com este homem, que se entregou a Cristo e o quis levar a todos aqueles com quem se cruzou”.

João Seabra nasceu em Lisboa, em 1949. Licenciou-se pela Faculdade de Direito de Lisboa e entrou para o Seminário dos Olivais em 1973. Fez a licenciatura em Teologia na Universidade Católica Portuguesa e a licenciatura em Direito Canónico na Universidade de Salamanca. Foi ordenado sacerdote a 5 de Novembro de 1978 pelo cardeal D. António Ribeiro.

Doutor em Direito Canónico pela Pontificia Università Urbaniana, é cónego da Sé Patriarcal de Lisboa e diretor do Instituto Superior de Direito Canónico. Foi capelão da Universidade Católica, pároco em Santos-o-Velho e na igreja de Nossa Senhora da Encarnação, no Chiado. Foi, ainda, Defensor do Vínculo do Patriarcado, assistente nacional do movimento Comunhão e Libertação e acompanhou as Equipas de Casais e de Jovens de Nossa Senhora. Foi fundador e é presidente da associação educativa que possuiu o Colégio de São Tomás, em Lisboa, e o Colégio São José do Ramalhão, em Sintra.

Falar de Cristo “sem medo”

Sobrinho de João Seabra, José Maria Seabra Duque assume que o tio foi “a maior influência” da sua vida e que com ele que aprendeu a olhar o mundo. “Foi decisivo para o que tenho feito a nível político e de Igreja”, garante, explicando que sempre o impressionou a maneira como o viu “falar de Cristo sem medo, onde quer que esteja e a quem quer que seja”. Considera o exemplo do seu tio “inspirador para todos”.

“Como lembra no livro o padre Francisco Mota, jesuíta, que este ano o substituiu como pároco na igreja da Encarnação, o padre João foi muitas coisas - canonista, professor universitário, trabalhou no tribunal eclesiástico. Mas, foi tudo isto como padre, como pastor. Mostrou que a principal função do sacerdócio, mesmo quando se tem várias responsabilidades, é ser padre”, sublinha Seabra Duque, que não tem dúvidas de que “o seu papel na Igreja portuguesa nos últimos 40 anos merece ser homenageado”.

Para título do livro foi escolhida a frase "Não sou dono da verdade, mas estou possuído por ela", com que o padre João Seabra terminou a homilia da sua "missa nova", a primeira eucaristia que celebrou depois de ser ordenado. “É uma frase que encarna bem aquilo que o padre João é: alguém convicto, com a certeza absoluta de ter encontrado a verdade em Cristo e que deseja anunciá-la sem nenhum medo a todos”, explica.

O livro tem prefácio do cardeal patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente. Entre as personalidades que colaboraram com os seus testemunhos, estão Aura Miguel, José Milhazes, João Amaral, D. Duarte de Bragança, Jaime Nogueira Pinto, Zita Seabra, Pedro Santana Lopes e Marcelo Rebelo de Sousa, entre outros.

“Quisemos ter pessoas conhecidas, outras menos, mas todas pessoas para quem o padre João Seabra foi de alguma forma decisivo”. E as histórias que contam são todas diferentes, “algumas com mais graça, outras mais sérias e profundas, mas todas elas nascem deste amor do padre João a Cristo”.

No posfácio, o cónego Armando Duarte - outro “amigo de sempre”, como Marcelo - , conta vários episódios passados com João Seabra, que conheceu quando ambos estudavam no seminário dos Olivais. Recorda, por exemplo, como ficou a saber que sofria de Parkinson, mas também recorda o seu bom humor, lembrando o dia em que os dois entraram num táxi:

“Antes de o homem pôr o carro em andamento, o João disse-me com voz imperiosa:

– Vamos!

E saímos pela outra porta do táxi. Perguntei-lhe o que acontecera, ao que me respondeu:

– Não viste o que estava escrito no tablier? Proibido fumar!

– Que mal tem? Tu nem fumas…

– Não suporto que me proíbam! – retorquiu prontamente.”

O livro "Não sou dono da verdade, mas estou possuído por ela" , publicado pela editora Lucerna, vai ser apresentado por Madalena Fontoura e João César das Neves, dia 12 de novembro.

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