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Bispos da Nigéria preocupados com aumento de violência tribal

10 fev, 2018 - 10:50

Ataques por parte de pastores nómadas da tribo fulani já fizeram milhares de mortos nos últimos anos. Silêncio do Governo é chocante, dizem os bispos.

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Uma delegação de bispos católicos da Nigéria foi recebida em audiência pelo Presidente Muhammadu Buhari, na passada quinta-feira, tendo apresentado a sua séria preocupação com o aumento da violência tribal que tem feito, segundo algumas estimativas, mais mortos ao longo dos últimos anos do que os ataques do grupo terrorista Boko Haram.

Os ataques têm sido levados a cabo por membros da tribo Fulani contra comunidades de agricultores e têm na raiz disputas sobre acesso a recursos naturais, como fontes de água ou pasto. Os agricultores acusam os fulani, que são na maioria pastores nómadas, de destruírem as suas plantações e os seus terrenos. Os fulani costumam andar armados, para proteger as suas manadas de vacas.

O problema arrasta-se há vários anos mas recentemente agravou-se e o número de mortos tem aumentado. O facto de muitos fulani terem passado a andar armados com armas automáticas, em vez das tradicionais catanas, leva os bispos a sugerir que possa haver financiamento externo por parte de agentes interessados em espicaçar a violência e desestabilizar a região.

Esse facto introduz uma vertente religiosa no conflito, uma vez que as comunidades de agricultores costumam ser cristãs e os fulani são uma tribo muçulmana. A Nigéria está dividida demográfica e geograficamente entre cristãos, no sul, e muçulmanos a norte. As tensões inter-religiosa já fizeram milhares de mortos ao longo dos últimos anos, em parte devido à ação do grupo terrorista Boko Haram.

Os bispos manifestaram a sua preocupação ao presidente Muhammadu Buhari, que é fulani, dizendo que estes ataques têm provocado uma “situação de quase guerra civil em várias partes do país”. A ausência de uma resposta firme por parte do Estado ameaça a autoridade do mesmo, disseram ainda os líderes católicos. “O Governo, que tem a responsabilidade de proteger a vida e a propriedade de todos os cidadãos, parece incapaz ou sem vontade de o fazer. O silêncio do Governo federal é chocante, para dizer o menos”.

Já o presidente postou uma fotografia do encontro com os bispos no Twitter, dizendo que tinha aproveitado o encontro para expor o que o Estado está a fazer para resolver o problema, embora naquela rede social não tenha entrado em detalhes.

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