22 jan, 2016 - 17:02 • André Rodrigues
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Como é que a avalia a qualidade da campanha que termina esta sexta-feira, descontando, se preferir, esta polémica dos últimos dias sobre as subvenções vitalícias?
Mesmo pondo esse dossiê entre parêntesis, acho que a campanha foi muito fraca. O esquema dos debates televisivos foi muito mal pensado. A possibilidade de candidatos que não representam mais do que 1% ou 1,5% se poderem apresentar e beneficiarem das mesmas condições dos candidatos credíveis é algo que vai ter de ser revisto quando se mexer na Constituição. Não agora. Talvez daqui a dois ou três anos.
Por exemplo em França, para ser candidato presidencial, é preciso apresentar 5 mil assinaturas. Mas é também preciso apresentar as assinaturas de apoio de alguns milhares de autarcas para provar que a pessoa tem real implantação no país. Acho que isto correu mal. Atrevo-me até a dizer que não me lembro de uma campanha presidencial que tenha corrido tão mal nesse aspecto. E por isso penso que há muita coisa a mudar. Não agora, não a quente. Quando as cabeças estiverem frias, há aqui muita coisa a ser revista.
O que nos reservam as eleições de domingo?
Posso estar enganado, mas a minha intuição diz-me que estas eleições vão ser ganhas à primeira volta. Porque as sondagens do candidato que está mais bem colocado são superiores a 50%. E o segundo classificado tem apenas 19%. Como tal, estamos perante uma diferença abissal.
Mas tenho uma segunda convicção, contrária à da maioria dos comentadores. A maioria diz que, se houver segunda volta, repete-se o cenário de 1986 e Marcelo perde. A minha convicção é contrária. Eu acho que, se houver segunda volta, Marcelo ganha.
Primeiro, porque Marcelo é, por si só, uma figura ímpar que toda a gente conhece, que toda a gente está habituada a ouvir há muitos anos. Portanto, penetra em simpatia, em capacidade de comunicação e no conhecimento que as pessoas têm. Ele sabe muito de questões internacionais, de economia e finanças, educação, até desporto. Ele consegue até capitalizar simpatia junto do eleitorado de outros partidos.
As duas candidaturas na área do PS somadas dão 35%. Para Marcelo aparecer em algumas sondagens com 50, é preciso ir buscar 15% à esquerda. E isso só acontece com ele, nunca tinha acontecido a mais ninguém. Atrevo-me a prever que, se Marcelo não ganhar à primeira volta, ganha à segunda. E com mais votos. Se for à primeira andará entre os 51 e os 55%. Se for à segunda, pode até ultrapassar os 60.