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Europeias 2024. Há uma "Lista Sombra" a participar "em nome da sociedade civil"

27 mai, 2024 - 06:30 • Alexandre Abrantes Neves

Não vão a votos, mas construíram um programa eleitoral e já têm ações de campanha planeadas. Defendem uma "política externa feminista" na União e querem "mais conhecimento técnico" dentro dos partidos.

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Lista Sombra Objetivo
Lista Sombra tem um programa eleitoral com 65 páginas. Foto: João Belchior

Os partidos começam esta segunda-feira a percorrer todo o país com as suas caravanas, mas nestas Europeias há uma lista que não vai a votos, mas que também inicia a campanha eleitoral.

Chama-se Lista Sombra e foi criada por um grupo de três jovens “assumidamente europeístas” e que querem dar contributos para aproximar Bruxelas do dia-a-dia dos cidadãos europeus.

Montaram um programa eleitoral de 65 páginas, convidaram cabeças-de-lista e já têm ações de campanha preparadas – a maioria são “townhalls”, conversas informais e abertas sobre o estado da União Europeia.

Maria Luísa Moreira, uma das fundadoras do projeto, explica que a ideia surgiu da vontade de mostrar que a sociedade civil está “atenta” e que pode – “e deve” – ser convidada para o debate político, “apesar de os partidos políticos não terem esse hábito”.

No programa eleitoral da Lista Sombra, há propostas para várias áreas desde a Cultura à Saúde, passando ainda pelo Ensino Superior e o Estado de Direito Democrático – todas “capazes, esperamos nós, de serem incluídas pelos partidos”.

Maria Luísa Moreira destaca, desde logo, o capítulo dedicado à Política Externa – que, segundo a Lista Sombra, deve ser “feminista”.

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“Uma política externa feminista está comprometida com os direitos. Por exemplo, melhorar não só a proteção das mulheres num conflito armado ou em países os seus direitos não são respeitados, mas também aumentar a participação delas, por exemplo, no corpo diplomático, e nos processos de paz”, explica.

Noutros temas, o programa eleitoral propõe ainda a formação de “assembleias que aproximem as federações académicas do diferentes Estados-membros” e a reformulação dos sites das instituições europeias, nomeadamente para “melhorar a comunicação da legislação europeia, desconstruir a linguagem complexa e para percebermos muitas das decisões que afetam Portugal”.

Candidatura formal é um "não"

Ao contrário do que habitualmente acontece em eleições Europeias, a Lista Sombra apresenta não apenas um, mas vários cabeças-de-lista divididos por áreas – Ambiente e Clima, Ciência ou Economia são algumas das pastas que são lideradas por “alguém da sociedade civil com conhecimento tecncio e muito competente”.

Sociedade civil deve ser convidada para debate político, apesar de os partidos não terem esse hábito

Maria Luísa Moreira nota que o “sistema democrático não permite que os partidos adotem esta fórmula”, mas espera que possam pelo menos incluir mais vozes na elaboração dos programas eleitorais.

“Acho que faria sentido e os partidos não deixarem o processo de desenho dos seus programas eleitorais para a última da hora. Devem começar uns meses antes e ter estas consultas com equipas técnicas que informam cada capítulo dos seus manifestes e programas eleitorais”, defende.

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Durante as próximas duas semanas, o calendário da Lista Sombra vai dividir-se entre iniciativas nas redes sociais e a realização de mais “townhalls” – conversas informais para discutir questões fraturantes da próxima legislatura europeia e onde Maria Luísa Moreira “espera que os partidos comecem a aparecer mais”.

Logo no primeiro destes encontros, surgiram muitas perguntas sobre a possibilidade de a Lista Sombra se formalizar e se apresentar a votos em próximas eleições. Apesar de ver “a lógica dessa discussão”, Maria Luísa Moreira afirma que essa hipótese não está em cima da mesa.

“O que nós queremos é que as pessoas se juntem para pensar políticas para a União Europeia. Se, algum dia, decidíssemos oficializar isto e concorrer a alguma coisa, eu acho que muita gente se afastava. Não é por acaso que as pessoas ‘médias’ não entram nos partidos: não têm esse interesse e ambição”, remata.

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