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Pordata: mais de 60% dos portugueses não confia na Assembleia da República

04 mar, 2024 - 00:02 • Lusa

Dados do Inquérito Social Europeu revelam que Portugal está entre os quatro países onde os cidadãos menos confiam na sua capacidade de participar na política (83%), a seguir à Eslováquia (84%) e ao lado da Letónia e da Chéquia (83%).

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Mais de 60% dos cidadãos em Portugal tendem a não confiar na Assembleia da República, um valor acima da média europeia, que é de 56%, segundo um retrato da perceção sobre a política, divulgado esta segunda-feira pela Pordata.

De acordo com o relatório que analisa a perceção dos portugueses sobre a política, elaborado pela base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos, que usa dados do Eurobarómetro de 2023, oito em cada 10 inquiridos em Portugal tendem a não confiar nos partidos políticos, em linha com a tendência em 19 dos 27 países da União Europeia (UE), em que mais de 70% das pessoas tendem a não confiar nos partidos políticos.

Já os dados do Inquérito Social Europeu revelam que Portugal está entre os quatro países onde os cidadãos menos confiam na sua capacidade de participar na política (83%), a seguir à Eslováquia (84%) e ao lado da Letónia e da Chéquia (83%).

Ainda sobre a participação política, a Pordata destaca que 73% dos cidadãos nacionais consideram que o sistema não permite, ou permite pouco, a influência das pessoas na política, uma perceção partilhada por mais de metade dos países analisados, com exceção da Noruega, Suíça, Finlândia, Islândia e dos Países Baixos, onde se considera que os sistemas políticos permitem às pessoas algum grau de influência.

Tendo em conta as diferentes possibilidades de participação política, nos últimos 12 meses, 15% dos inquiridos referem ter contactado um político, 12% publicou ou partilhou na internet algum conteúdo sobre política, 12% assinou uma petição, 5% boicotou algum produto por razões políticas e 4% participou, incluindo através de doações, nas atividades de um partido político ou grupo de interesse (sindicatos e confederações patronais, associações profissionais, associações ambientalistas, entre outros).

Segundo o relatório, mais de metade dos inquiridos (56%) diz estar satisfeita com a democracia nacional, um valor ligeiramente acima da média europeia (55%), embora 43% refiram a sua insatisfação.

Já quanto ao interesse na política, os portugueses e os italianos são os europeus que mais tempo passam a ver, ouvir ou ler notícias sobre política ou a atualidade (mais de duas horas por dia), com quatro em cada 10 pessoas em Portugal a manifestar muito ou algum interesse pelo tema.

Ainda assim, de acordo com os dados do Eurobarómetro, 32% das pessoas em Portugal dizem nunca falar sobre política com amigos ou familiares, enquanto apenas 10% referem discutir frequentemente sobre o tema, muito abaixo da média europeia de 25%. .

Relativamente ao posicionamento político, tendo em conta o espetro esquerda-direita, 31% dos inquiridos no país afirmam posicionar-se ao centro, 28% mais à esquerda e 19% mais à direita, face à média europeia de 38% ao centro, 28% mais à esquerda e 23% mais à direita.

O relatório destaca ainda os 16% de inquiridos que não sabem responder a esta questão e os 6% que recusaram fazê-lo.

Quanto ao sistema de justiça, Portugal está entre os nove países da UE em que mais de metade (53%) dos inquiridos tendem a não confiar no sistema de justiça, um valor nove pontos percentuais acima da média europeia de 44%.

Por outro lado, mais de metade dos inquiridos (54%) em Portugal tendem a confiar na União Europeia, comparativamente a 47% da média europeia.

Comentários
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  • Anastácio José Marti
    04 mar, 2024 Lisboa 09:21
    Porque só nos deram motivos para não confiarmos, tais como:1- Uma década após a sada da Troika, continua desonestamente a ficarem com pelo menos um terço dos Subsídios de Férias e de Natal aos funcionários públicos, fazendo incidir sobre os mesmos descontos imorais como o IRS, ADSE. CGA, etc. Será sério, admissível e intelectualmente honesto que ainda não tenham devolvido aos funcionários públicos ambos os subsídios por inteiro ao fim de todo este tempo?2- Brincaram com os trabalhadores DEFICIENTES a quem exigiram que detivessem um grau de incapacidade igual ou superior a 80% durante pelo menos 15 anos para se poderem aposentar sem penalização, o que fizeram, após terem estado 14 meses para regulamentarem a lei Nº 5/2022, quando a lei lhes impôs um prazo de 6 meses. São estas as formas de algum político que permite estas vergonhas nacionais de se dar ao respeito a uma das camadas da população mais vulnerável com sempre o foram os DEFICIENTES?3- Mantêm ainda hoje, 4/3/2024, pelo menos um trabalhador DEFICIENTE LICENCIADO a ser vítima de um real homicídio profissional, impedindo-o ilegal imoral e desumanamente de progredir profissionalmente e de ingressar na carreira de Técnico Superior, o que fazem tendo o país subscrito a Declaração Universal dos Direitos Humanos que nunca respeitaram como este tris te exemplo disso faz prova. É esta vergonha nacional admissível por uma inerte e incompetente Provedoria de Justiça, e dos Sindicatos da Administração Pública que tendo todos conhecimento desta vergonha nacional optaram por serem cúmplices da mesma e desrespeitando a pessoa, o cidadão e o dever de cidadania assim nunca respeitado por todos os políticos e não só? etc.
  • António Costa
    04 mar, 2024 Porto 07:36
    Excelente fotografia.

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