02 mar, 2024 - 18:52 • Redação
Uma auditoria da Entidade das Contas e Financiamentos Políticos (ECFP) encontrou indícios de "incumprimento da lei dos donativos" e "eventuais financiamentos proibidos" nas contas do Chega de 2019, ano em que foi fundado o partido liderado por André Ventura, revela uma investigação da “TVI/CNN” este sábado.
Dos 21 mil euros doados em 2019, mais de metade não tem nome dos extratos bancários. “O partido não apresentou lista de donativos com detalhe por doador", aponta a ECFP.
Em declarações à “TVI”, o secretário-geral do Chega, Rui Paulo Sousa, admitiu que as contas de 2019 tiveram problemas pois não foi possível identificar todos os apoiantes que fizeram donativos.
De acordo com o Chega, os bancos levantaram problemas de proteção de dados quando o partido tentou saber a identidade dos doadores.
A estação televisiva avança ainda que o Chega não entregou – como a ECFP exige - as listas de doadores nos anos de 2021 e 2022. “Apenas se encontraram na ECFP extratos bancários que não permitem identificar o nome de todos os doadores”, escreve a TVI.
Em 2021, o Chega terá recebido mais de 170 mil euros “em centenas de depósitos, que entraram na conta de donativos do Chega sem identificação da origem”.
Em reação à notícia da "TVI", André Ventura defende que o partido tentou entregar esses dados às entidades competentes, mas os bancos não forneceram esses dados, e por isso explica que não há nada que o Chega possa fazer.
"Zero. Não há nenhuma solução apresentada. Nós voltámos a pedir os dados ao banco, se não der vamos reportar ao Ministério Público. Tem de ser uma autoridade judiciária a pedir esses nomes, não podemos fazer mais", resumiu o líder do Chega em declarações aos jornalistas.
À entrada de um almoço-comício em Coimbra, que junta cerca de 70 apoiantes, André Ventura disse que "não pode ir ao banco, entrar pelo balcão adentro e dizer para nos darem o nome das pessoas".
O líder do partido prometeu "transparência total nesta matéria".
Dirigindo-se aos jornalistas, André Ventura disse que "se quiserem ver a lista [das transferências] eu dou-vos a lista". Entretanto esses dados já foram pedidos pelos repórteres que estão a cobrir a campanha do Chega para as legislativas de 10 de março.