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alerta do Observatório da Emigração

Baixos salários e preços altos da habitação favorecem saída de jovens licenciados do país

22 mar, 2023 - 09:44 • Hugo Monteiro

Coordenador do Observatório da Emigração chama ainda a atenção para o “aumento do número de filhos de mães portuguesas que nascem no estrangeiro”, uma vez que são muitas as mulheres jovens que emigram, acentuando, de forma indireta, o desequilíbrio demográfico.

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O Observatório da Emigração alerta que os baixos salários e os elevados preços da habitação favorecem a saída de jovens licenciados do país.

Na semana em que um estudo do Banco de Portugal conclui que o salário médio real de entrada no mercado de trabalho de um jovem licenciado em 2020 (1.050 euros) era menor do que em 2006 (1.088 euros), o coordenador do observatório admite, em declarações à Renascença, que este é um quadro que poderá contribuir para a fuga dos recém-licenciados para o estrangeiro.

Rui Pena Pires diz que “a conjugação entre habitação e inflação deixa hoje pouco rendimento disponível a quem quer começar uma nova vida familiar e profissional e, nesse sentido, é uma situação que favorece a continuidade da emigração em níveis elevados”.

O coordenador do Observatório da Emigração diz que, nos próximos anos, é provável que “estabilize nos 65 mil a 70 mil”, o número dos portugueses que abandonam o país anualmente. Um valor superior aos “mais de 60 mil” que saíram de Portugal em 2021 e que se aproxima “do número de nascimentos que há anualmente no país”.

Rui Pena Pires chama ainda a atenção para o “aumento do número de filhos de mães portuguesas que nascem no estrangeiro”, uma vez que são muitas as mulheres jovens que emigram, acentuando, de forma indireta, o desequilíbrio demográfico.

No entanto, este é um fenómeno que está a ser compensado com a chegada de imigrantes ao país. Apesar de ser difícil contabilizar o número de cidadãos estrangeiros que todos os anos escolhem Portugal para trabalhar e viver, porque muitos só veem a sua situação regularizada muito tempo depois, Rui Pena Pires admite que o saldo migratório pode já ser positivo.

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  • Vitor Lopes
    23 mar, 2023 Oeiras 23:42
    Ouço muita gente ligada a instituições, políticos, jornalistas e até o INE dizerem que Portugal é um páis envelhecido. Na minha modeta opinião o que eu acho é que Portugal tem carência de gente nova, facto motivado pela enorme emigração. Se os emigrantes novos regressasem ao seu país esta situação não se aplicava. Desconfio que em Campo Maior há muita gente nova porque tinham um patrão que pagava salários decentes, fenómeno que raramente acontece neste país. Melhore-se os salários que Portugal volta a ter mais gente nova e activa e deixará de se utilizar o velho chavão de que o país está cheio de gente idosa, pudera estes já não podem sair. É só ver o programa da TVI aos domingos e ouvir os presentes a mandarem beijos para os seus familiares que se encontra emigrados por esse mundo fora. Se estão fora obviamente não estão cá. Acho não ser difícil entender porque não há gente nova e penso que no final deste ano os novos licenciados lá vão direitinho aos aeroportos de Portugal e não é para passar férias é para trabalhar.
  • Anastácio José Marti
    22 mar, 2023 Lisboa 11:55
    Nem só os licenciados procuram outros paradeiros que não o país que os formou, apenas e só, porque os políticos portugueses, continuam erradamente a apostar na politica de subsidiodependência, resultante dos baixos salários que empurram a população para a pobreza e para a miséria, o que em nada dignifica quem fez um investimento para concluir o seu curso superior e se vê defraudado sem expetativas profissionais, nem económicas, resultantes igualmente de uma paupérrima gestão de recursos humanos, a qual, na Administração Pública é de brandar aos céus com milhares de funcionários público vítimas de reais homicídios profissionais, impedidos de evoluírem profissionalmente, marcando passo, o que em abono da verdade, não emotiva nem estimula ninguém. Enquanto assim for, para onde caminha um país que deita fora o melhor que tem que são os seus jovens que aqui se formaram, mas que por não existir uma politica de trabalho que os retenha e lhes dê oportunidade de se realizarem profissional e economicamente, acabam por desperdiçar todo este capital humano assim desaproveitado, mandado ás ortigas, o que em nada abona em nome do país, nem sa sociedade que assim mal trata os seus concidadãos, a quem os políticos sabem pedir o voto quando dele necessitam.

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