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"Não seja ingénuo". Ventura desafia PSD a avançar com inquérito sobre relação de Costa com Banco de Portugal

22 dez, 2022 - 23:19 • Lusa

Questionado sobre declarações do Presidente da República, que pediu que não se somassem André Ventura considerou que essas declarações do Presidente da República “parecem um pouco Marcelo Rebelo de Sousa a tentar criar uma redoma à volta do Governo”.

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O líder do Chega desafiou esta quinta-feira o líder do PSD, Luís Montenegro, a avançar no início de janeiro com uma comissão de inquérito sobre a alegada intromissão do primeiro-ministro no Banco de Portugal.

Em declarações aos jornalistas à entrada para o jantar de Natal do Chega, em Lisboa, André Ventura reagiu às palavras de Luís Montenegro que, na quarta-feira, desafiou o primeiro-ministro à responder às perguntas feitas pelo PSD sobre o Banco de Portugal e a resolução do Banif.

Ventura pediu a Montenegro que “não seja ingénuo”, salientando que, da parte de António Costa, “não vai haver resposta nenhuma, e a que vier vai ser uma resposta absolutamente redonda”.

“O que nós temos de fazer é avançar potestativamente (com caráter obrigatório), e só o podemos fazer com o PSD, para uma comissão de inquérito. Isto está a incomodar os socialistas, é evidente que António Costa não quer uma investigação a isto”, defendeu.

Ventura pediu a Luís Montenegro que, em vez de “andar de comício em comício a dizer que está à espera das respostas do PS e do Governo”, chegue a um entendimento com o Chega para que, “nos primeiros dias de janeiro”, se dê entrada com um pedido potestativo para a constituição da comissão de inquérito em questão.

“Acho que isso era mais do que justificado, mais do que merecido. (…) Se isto passa, perdemos o momento”, sublinhou.

Antecipando a possibilidade de o PSD não querer avançar com uma comissão de inquérito com o Chega, Ventura sublinhou que, para o seu partido, “isso não é nenhum problema”, desde que a comissão seja constituída.

“Para nós, o que é importante é que haja uma comissão de inquérito e aí o PSD terá a oportunidade de mostrar esse valor e esse trabalho de investigação. Até lá, para nós é apenas fogaça e fumaça porque, na verdade, estão à espera de respostas, mas essas respostas todos sabemos que não virão”, sublinhou.

Ventura interrogou-se se o líder do PSD pretende efetivamente investigar o caso, ou se as perguntas feitas ao Governo são uma “mera manobra dilatória para ganhar tempo”.

“Se for para ser levado a sério, o desafio que eu deixo é não perdermos mais tempo”, disse.

Nestas declarações aos jornalistas, Ventura foi questionado se, depois de o Presidente da República ter pedido, na quarta-feira, que não se juntem “problemas adicionais” aos que já existem, não considera que esta comissão de inquérito é precisamente um desses problemas.

Na resposta, André Ventura considerou que essas declarações do Presidente da República “parecem um pouco Marcelo Rebelo de Sousa a tentar criar uma redoma à volta do Governo”.

“É importante que o Presidente da República vele pela estabilidade das instituições, isso é compreensível, (…) outra coisa é não investigar, que é o papel do parlamento, é escrutinar”, disse.

Na ótica de Ventura, quando alguém como o antigo governador do Banco de Portugal Carlos Costa diz que “houve interferências”, inclusivamente “de um Governo estrangeiro e de Isabel dos Santos”, isso não é estar a “criar problemas, é fazer escrutínio”.

O líder do Chega disse que não sabe se “Montenegro está articulado com Marcelo” para que não seja criada a comissão de inquérito, mas alertou o Presidente da República “de que uma coisa é velar e zelar pelo bom funcionamento das instituições, outra é proteção ao Governo”.

“Muitas vezes, o trabalho de Marcelo Rebelo de Sousa está na fronteira entre a proteção ao Governo e o zelar pelo bom funcionamento das instituições”, sustentou.

O PS e o PSD são os únicos partidos que dispõem de deputados suficientes para avançar com um pedido de inquérito potestativo (obrigatório), que requerem pelo menos 46 parlamentares (um quinto).

Quando as declarações do ex-governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, foram divulgadas, o PSD tinha rejeitou qualquer conversa com o Chega sobre uma eventual comissão de inquérito sobre o assunto, afirmando que iria decidir sobre a matéria sozinho.

Na altura, o Chega tinha proposto a criação de uma eventual comissão de inquérito “para apurar a eventual ingerência do primeiro-ministro no Banco de Portugal”, mas foi chumbada pela Assembleia da República.

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