A+ / A-

Favoritos, reforços e polémicas. A magia da NBA está de volta

18 out, 2022 - 16:10 • Diogo Camilo

A bola volta a saltar depois de uma pré-época marcada por agressões entre companheiros de equipas, um treinador afastado devido a um caso romântico, uma estrela detida por violência doméstica e um dono afastado por racismo. Numa temporada em que há muitos candidatos ao título, LeBron James pode tornar-se recordista de pontos na liga.

A+ / A-

Voltaram as noites do melhor basquetebol do mundo. A 77.ª edição da National Basketball Association (NBA) começa na madrugada de terça para quarta-feira com jogos que opõem as duas equipas que se encontram nas finais do ano passado a outras duas das favoritas ao título deste ano, para o início de uma temporada que promete ser das mais disputadas de que há memória.

A partida que abre a época coloca frente a frente dois rivais eternos da conferência Este, os Boston Celtics e os Philadelphia 76ers, e tem início às 00h30 em Lisboa. No segundo jogo, os Golden State Warriors recebem os tradicionais anéis referentes ao campeonato conquistado no ano anterior e defrontam os LA Lakers de LeBron James que, com 39 anos, cumpre a sua 20.ª época na liga norte-americana e tem a hipótese de se tornar o melhor marcador de sempre da fase regular da NBA ainda esta época.

No seu segundo ano, o português Neemias Queta deverá ter mais minutos e oportunidades em Sacramento, numa temporada em que os Kings vão lutar para chegar aos play-offs, sob risco de aumentarem o recorde de mais épocas sem chegar às rondas decisivas do campeonato.

Uma pré-época atípica

A "offseason" costuma ser marcada por remodelações, reforços e expectativas renovadas, mas a de três das principais favoritas foi manchada por três casos que abalaram internamente os franchises.

Para os campeões Warriors, a preparação da época ficou marcada por uma agressão durante um treino no início de outubro. Draymond Green deu um murro a Jordan Poole e ficou suspenso e afastado da equipa por alguns dias, abrindo espaço aos rumores da sua saída.

Green voltou à equipa dias depois e o caso teve um segundo capítulo nos últimos dias, quando foi conhecido que Poole renovou contrato com Golden State, passando a ganhar um salário superior ao de Draymond, enquanto o jogador que já venceu o prémio de Melhor Jogador Defensivo do Ano termina o contrato no final do ano e pode optar por renovar por mais um ano ou sair da equipa com a qual venceu quatro campeonatos em oito anos.

Nos Celtics, o problema não está tanto nos jogadores, mas no treinador. A equipa de Boston reforçou-se bem, com nomes sonantes como Malcolm Brogdon, Blake Griffin e Danilo Gallinari (entretanto lesionado até ao final da época), mas decidiu suspender para esta época o técnico Ime Udoka, que na época de estreia tinha levado a equipa às suas primeiras finais da NBA em mais de 10 anos.

Em causa está um relacionamento com um membro da equipa técnica dos Celtics, que viola o regulamento interno do franchise. Para o substituir, Boston nomeou como técnico interino Joe Mazzulla, sem qualquer experiência como treinador principal e com apenas 34 anos - mais novo que o jogador veterano da equipa, Al Horford.

Nos Phoenix Suns, equipa que terminou com o melhor registo de vitórias nos 82 jogos da fase regular do ano passado, os problemas começaram com a eliminação humilhante frente ao Dallas Mavericks nos playoffs. Na offseason, o grande objetivo era manter o poste DeAndre Ayton, mas não foi feita nenhuma proposta de renovação. Os Indiana Pacers chegaram-se à frente, mas à última hora os Suns igualaram uma proposta e um contrariado Ayton teve de continuar em Phoenix.

A isto soma-se o dono do franchise, Robert Sarver, que se prepara para vender a equipa após ter sido suspenso por um ano por comportamentos racistas e misóginos dentro dos Suns.

Os outros favoritos

Entre os outros candidatos a conquistar o troféu Larry O’Brien estão outras cinco equipas: Philadelphia 76ers, Milwaukee Bucks, Brooklyn Nets, LA Clippers e… LA Lakers.
Os Lakers falharam os playoffs no ano passado e entram na nova época com ambições renovadas e um novo treinador.
Darvin Ham era adjunto nos Bucks e chega para dar uma nova oportunidade a Russell Westbrook, que viu o seu espaço na equipa reduzir-se com o tempo.
Anthony Davis procura voltar a 100%, depois de temporadas marcadas por lesões, e LeBron James tem na mira o recorde de Kareem Abdul Jabbar: 1.326 pontos é o número necessário de pontos para destronar a lenda da NBA, que marcou 38.387 pontos ao longo de 20 temporadas.

Os vizinhos de Los Angeles, os Clippers, estão de volta com o regresso à competição de Kawhi Leonard, que perdeu a totalidade da época passada por lesão. Paul George, que esteve boa parte do último ano lesionado, também está de volta.

Quem também está de volta a 100% são duas das estrelas dos Brooklyn Nets: Ben Simmons, afastado pelos 76ers no ano passado e trocado por James Harden, e Kyrie Irving, que se viu impedido de jogar em casa por se recusar receber a vacina da Covid-19, juntam-se a Kevin Durant, que esteve perto de sair durante a época de transferências, chegando a pedir para ser trocado.

Os Milwaukee Bucks recebem um Giannis Antetokounmpo que esteve ao serviço da Grécia no Eurobasket no mês passado, mas a preparação para a nova temporada não correu bem. Depois de somar apenas derrotas na pré-época, foi confirmado que o “Robin” de Giannis, Khris Middleton, falhará as primeiras semanas da liga por lesão.

Nos Sixers, surge a derradeira oportunidade para vencer o título. É a primeira época com Harden e Embiid a tempo inteiro, a que se somam um Maxey em ascensão, um importante Tobias Harris e o reforço, PJ Tucker, roubado aos Miami Heat.

Equipas que podem surpreender

Além dos presumidos favoritos, juntam-se outras equipas, como os Memphis Grizzlies de Ja Morant, os Denver Nuggets de Nikola Jokic e os Dallas Mavericks, de Luka Doncic, que deverão lutar pelos lugares cimeiros da conferência Oeste.

No Este, os Miami Heat de Jimmy Butler, os Chicago Bulls de DeMar DeRozan e os Toronto Raptors de Pascal Siakam querem cimentar a posição do ano passado e fazer melhor nos playoffs.

A estas juntam-se quatro equipas que se reforçaram bem este ano.

Em Minnesota, os Wolves juntaram o Jogador Defensivo do Ano por três vezes, Rudy Gobert, a Karl Anthony Towns, para uma reedição das torres gémeas a que se junta um jovem promissor, Anthony Edwards.

Em Nova Orleães, os Pelicans têm Zion Williamson de volta a juntam-lhe CJ McCollum, reforço de Inverno do ano passado. Em Atlanta, Trae Young terá a companhia no backcourt de Dejounte Murray, All Star no ano passado, enquanto que a supresa do ano passado, os Cleveland Cavaliers, juntaram a Darius Garland e Evan Mobley um semi-experiente Donovan Mitchell, pronto para ser a estrela de que esta jovem equipa precisa.

Corrida ao último lugar

A época de 2022-23 vai ficar também marcada pelo que acontecerá no final dela. É que algumas equipas estão já a pensar no draft do próximo ano e, mais propriamente, num jovem francês de 2,19 metros.

Victor Wembanyama tem 18 anos, joga no Boulogne-Levallois Metropolitans 92, na França, e já é considerado o maior talento a chegar à NBA desde um tal de LeBron James, em 2003.

De maneira a aumentarem as hipóteses de o poder escolher no draft, equipas como os Houston Rockets, Detroit Pistons, Orlando Magic, Indiana Pacers, Utah Jazz, San Antonio Spurs e Oklahoma City Thunder deverão (discretamente) perder o maior número de jogos que conseguirem.

A NBA já avisou quanto ao tradicional “tanking” para esta época e os benefícios em ser o pior na liga têm diminuído ao longo dos anos, mas 14% de probabilidade de conseguir Wembanyama continua a ser melhor do que 0%.

Os assim-assim

Restam quatro equipas que terão como objetivo chegar aos playoffs (ou ao play-in), mas que partem do lado de fora.

Os Sacramento Kings do português Neemias Queta serão os mais desesperados para o conseguir. Se não o fizerem aumentam o recorde batido no ano passado, de mais anos consecutivos sem chegar às rondas decisivas da NBA (17).

A offseason foi de remodelação do plantel: depois de trocar o base Halliburton para Indiana por Domantas Sabonis, os Kings foram buscar atiradores como Kevin Huerter e Malik Monk e juntaram-lhe Keegan Murray, escolhido no draft.

Neemias Queta deverá ter mais oportunidade do que no ano passado, ainda que a concorrência não tenha diminuído: Sabonis é concorrente direto, Richaun Holmes é a alternativa mas já demonstrou estar descontente com a sua situação e ainda há o ucraniano Alex Len.

Aos Kings somam-se os Portland Trail Blazers. Damian Lillard está de volta depois da lesão que o fez falhar grande parte do ano passado, mas a equipa está irreconhecível: já não há CJ McCollum, o eterno parceiro de Lillard, e Norman Powell e Covington mudaram para os Clippers. Em Nova Iorque, os Knicks querem voltar aos playoffs e têm em Jalen Brunson o principal destaque para este ano, a que se juntam RJ Barrett e Julius Randle.

Os Charlotte Hornets nem ficaram muito longe dos playoffs no ano passado, mas a caminhada para lá chegar este ano parece bem mais difícil à partida. A estrela LaMelo Ball está lesionada e a revelação do ano passado, Miles Bridges, está afastado da equipa após ter sido acusado de violência doméstica.

Drama, romance, ação e crime. Estão reunidos todos os ingredientes para o início de mais uma época. Só falta a bola começar a saltar.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+