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Crise energética

IL contra a solução alemã de usar "lucros extraordinários" para reduzir fatura da energia

05 set, 2022 - 15:06 • Lusa

João Cotrim Figueiredo considera que tributação dos lucros extraordinários, "algo extraordinariamente difícil de definir", cria uma obrigação moral do Estado em apoiar as empresas com "prejuízos extraordinários", situação que poderia abrir precedentes que, a longo prazo, poderiam dificultar o desenvolvimento económico do país.

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O presidente da Iniciativa Liberal (IL), João Cotrim Figueiredo, discorda da utilização dos “lucros extraordinários” das empresas de energia para reduzir a fatura dos consumidores, como foi anunciado no domingo pelo governo alemão.

João Cotrim Figueiredo considera que “sempre que um Estado decide tributar aquilo que se considera lucros extraordinários, algo extraordinariamente difícil de definir, fica imediatamente aberto a ter que apoiar empresas que tenham prejuízos extraordinários, que é outro conceito difícil de definir”.

“Um liberal não pode estar de ânimo leve a admitir que haja interferências no mercado, quer quando as coisas correm inesperadamente bem às empresas, quer quando correm inesperadamente mal”, declarou João Cotrim Figueiredo, à margem de uma visita que realizou à Nelo, empresa de caiaques e canoas de alto desempenho, em Vila do Conde.

Cotrim Figueiredo comentava a decisão anunciada no domingo pelo chanceler alemão, Olaf Scholz, de que o seu governo germânico, de que os liberais fazem parte, pretende usar os lucros excecionais ('windfall profits') das empresas de energia para reduzir a fatura energética dos consumidores.

O líder da IL exemplificou que o seu partido não seria favorável à “intervenção” do Governo português na banca quando "decidiu injetar 20 mil milhões de euros para apoiar vários bancos” no passado recente.

“No momento em que foi necessário intervir na banca em Portugal” e onde se “injetaram mais de 20 mil milhões de euros nos vários bancos que tiveram problemas, a IL não seria favorável a essa intervenção, porque os prejuízos eram privados e, portanto, deviam ter sido resolvidos privadamente”, afirmou.

Segundo João Cotrim Figueiredo, em alturas de emergência, é preciso “ter muito cuidado para não ter precedentes e não abrir a porta a questões e problemas que mais tarde se tornam ainda mais difíceis de fazer com que Portugal se desenvolva”.

A Nelo, empresa que emprega cerca de 200 trabalhadores, registou em 2021 um volume de negócios na “ordem dos 10 milhões de euros” e para este ano o volume de negócios estimados é "idêntico”, adiantou à Lusa Manuel Ramos, presidente da empresa.

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