Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

Hora da Verdade

Luís Montenegro. ​ "O meu passado chama-se Passos, o passado de Costa chama-se Sócrates”

13 abr, 2022 - 07:09

Antigo líder parlamentar assume que quer “vencer” as próximas europeias se for líder do PSD. Não espera hostilidade na bancada, mas admite que não irá viver no grupo parlamentar “das maravilhas”.

A+ / A-
"O meu passado chama-se Passos, o passado de Costa chama-se Sócrates”
Imagem: Inês Rocha/RR; Foto: Rui Gaudêncio/Público

Caso seja eleito presidente do PSD, o seu futuro líder parlamentar terá de ter a sua inteira confiança?

O líder parlamentar tem de ter, por definição, a confiança dos deputados. Não vamos escamotear a questão. O grupo parlamentar é um órgão nacional do PSD. Temos equipas novas a partir de julho. No desenho das novas equipas, temos de avaliar o resto da componente dos órgãos. Vamos imaginar, por exercício académico, que grande parte dos dirigentes na direção parlamentar assumem outras funções no partido. Naturalmente, temos de fazer uma avaliação da situação.

Respeitarei sempre a decisão e opinião dos deputados. Terei com eles, sem uma única exceção, uma relação de intimidade no trabalho político, que é um ponto fundamental no que deve ser a união e a predisposição para servir Portugal.

Paulo Mota Pinto será o seu líder parlamentar?

Vamos avaliar a questão das equipas no desenho que sair do próximo congresso.

Espera que haja alguma hostilidade por parte da bancada?

Nenhuma. Tenho a certeza de que não vai haver hostilidade. Quer dizer que vamos viver no grupo parlamentar das maravilhas? Com certeza que temos sempre tensões no dia-a-dia. Com a dimensão que o grupo parlamentar tem, temos pessoas que pensam de maneira diferente. O PSD é um partido com uma amplitude em termos de ideologia. Agora, respeito, coesão, capacidade agregadora de saber juntar... aí, isso, teremos de certeza e tenho completa confiança de que os deputados estão com o mesmo espírito com que estou.

Como é que vai organizar o partido para a oposição? Vai manter o atual modelo do conselho estratégico nacional (CEN)?

Vou manter o CEN com alguns acertos em termos de funcionamento. É uma daquelas ideias desenvolvidas pela liderança que vai cessar funções que teve aspetos muito positivos. Desde logo ter equipas sectoriais a interagir por todo o país. Temos hoje um património que quero aproveitar e potenciar. A forma como funcionou tem algumas fraquezas e debilidades registadas e que me foram comunicadas por muitos daqueles que participaram.

Esta quinta-feira, Jorge Moreira da Silva deve confirmar a candidatura à liderança. São dois nomes muito ligados a Passos Coelho. Acha que é assim que os eleitores vão ver o sucessor de Rui Rio?

É assim que o PS vai querer falar destas duas personalidades. Isso não é a nossa conversa. Somos amigos, somos da mesma geração, com o trajeto que é conhecido. Prestámos serviço ao PSD não só no tempo do dr. Pedro Passos Coelho, mas noutras lideranças. Eu não tenho nenhuma vergonha do meu passado nem tenho nenhum problema existencial com o Governo do dr. Passos Coelho. Tenho orgulho naquilo que fizemos por Portugal. Quem deve ter problemas com o seu passado deve ser o dr. António Costa. O meu passado chama-se Pedro Passos Coelho, o passado de António Costa chama-se José Sócrates.

Diz que é um candidato capaz de unir o partido. Gostaria de ter Moreira da Silva na sua equipa caso ganhe as diretas?

Tenho a certeza que conto com o engenheiro Moreira da Silva disponível para ajudar o PSD, nas funções que pudermos acertar para esse efeito, se os militantes do PSD me confiarem a mim a responsabilidade de liderar o partido. Não tenho dúvidas em dizer que o engenheiro Moreira da Silva é um quadro altamente qualificado do nosso partido.

E Carlos Moedas?

O Carlos Moedas por maioria de razão. Hoje tem um papel fulcral naquilo que é a nossa capacidade de intervenção junto das pessoas. Como responsabilidade executiva do país, o PSD tem dois governos regionais e as autarquias locais. Defendo uma reorganização do PSD de baixo para cima, a contar com aqueles que são os nossos players locais. Carlos Moedas será seguramente um elemento preponderante neste caminho. Aliás, o sucesso dele na Câmara de Lisboa será também um elemento catalisador do sucesso político do projeto do PSD nos próximos anos.

No primeiro mandato, se for eleito, terá eleições europeias. O PSD terá de renovar a lista para resistir à concorrência da IL e do Chega?

Ainda é cedo para decidir, só há eleições em maio de 2024. Nessa altura, faremos a conjugação do interesse político, partidário e, naturalmente, algum refrescamento que terá de haver na nossa participação. Tomaremos as decisões mais benéficas para sermos uma candidatura com um objetivo que é vencer as eleições europeias. Vamos apresentar uma candidatura em 2024 para vencermos as eleições europeias.

Vencer as europeias implica não diminuir o número de eurodeputados eleitos?

Implica ter mais um voto que qualquer outra força política, no caso o PS, que venceu as duas últimas. As últimas europeias que vencemos foram em 2009 e já foi há muito tempo.

Entrevista na íntegra. Luís Montenegro após anunciar candidatura ao PSD
Entrevista na íntegra. Luís Montenegro após anunciar candidatura ao PSD
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Vitor Silva
    15 abr, 2022 Maia 22:42
    Os que só olham para o passado não têm futuro.
  • José J C Cruz Pinto
    13 abr, 2022 ILHAVO 16:28
    Pois é - o seu passado já passou (em passo e "Passos" de corrida) e não tem qualquer emenda possível - até porque insiste em a ele não renunciar -, enquanto o do outro, com todos os seus muitos defeitos, não é de todo o que lhe atribuem - nem o passado nem o presente.

Destaques V+