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​Dar importância à defesa

27 mar, 2024 - 06:10

Nenhum esforço pedagógico foi realizado para explicar aos portugueses o imperativo de dar mais recursos à defesa. Gastar mais em armas e munições é uma necessidade, se Portugal quer manter na Europa uma voz credível.

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O governo da Aliança Democrática, que dentro de dias toma posse, defronta uma infinidade de problemas. Tudo o que ficou por fazer pela governação socialista nos últimos anos é, agora, apresentado como inadiável.

Claro que o novo governo, por muito competente que se revele, não terá capacidade para dar resposta a tantos problemas. Por isso será obrigado a uma criteriosa escolha de prioridades.

Lamento vir falar de uma questão que não tem merecido grande atenção dos políticos – o imperativo de subir significativamente as despesas com a defesa. Provavelmente os políticos portugueses continuarão a adiar dar a resposta que a situação europeia exige.

Há dois anos, quando a Rússia invadiu a Ucrânia, as despesas militares do Estado português pouco passavam de 1,1% do PIB. A agressão russa não levou Portugal a elevar tais despesas para 2% do PIB, meta dos países da NATO. Elas hoje ainda equivalem a 1,5% do PIB.

Um atraso que se tornou inaceitável, até porque a possibilidade de Trump voltar à Casa Branca faz crescer a ameaça de os Estados Unidos não se empenharem na defesa dos seus aliados. Os políticos portugueses não podem virar a cara à realidade e fazerem de conta que não se passa nada.

Gastar mais em armas e munições, além do mais, não é popular. Mas, se Portugal quer manter na Europa uma voz credível, aumentar o esforço de defesa é uma necessidade. Até hoje, praticamente nenhuma tentativa pedagógica foi realizada para explicar aos portugueses o imperativo de dar mais recursos à defesa.

Não temos, entre nós, um Churchill a alertar para os perigos decorrentes da passividade com que se tem encarado o gradual enfraquecimento das nossas forças armadas, como aconteceu no Reino Unido no final da década de 1930. Mas temos muitos exemplos do que aconteceu noutros países quando se partiu do princípio de que jamais seriam atacados. Veja-se a Ucrânia.

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