08 nov, 2021 - 21:58 • Redação
António Costa não se recandidata à liderança do PS em 2023, se vier a perder as eleições legislativas antecipadas de 30 de janeiro do próximo ano.
"Obviamente, se estiver em funções como primeiro-ministro, claro que me candidato á liderança do PS. Se perdesse as eleições, é evidente que não ficaria na liderança do PS", disse o primeiro-ministro em entrevista esta segunda-feira à noite na RTP.
"Isso significaria abrir um novo ciclo de governação. Quem está há seis anos como primeiro-ministro em funções, como eu tenho estado, com muita honra em servir Portugal e os portugueses em momentos tão difíceis como estes que vivemos, quando chegamos a esta fase, os portugueses conhecem-me, sabem quais são os meus defeitos, espero que saibam também quais são as minhas qualidades", acrescentou Costa.
"Confio-me ao voto e à avaliação dos portugueses, que têm de escolher", frisou.
Projetando o cenário pós-eleições de janeiro de 2022, António Costa assegura que não fecha portas à esquerda nem à direita.
Mas é, em primeiro lugar, ao Bloco e ao PCP que o primeiro-ministro dirige o seu apelo, porque, segundo diz, "depois destas eleições nada será como dantes: nós vamos a eleições, ou o PS tem uma maioria para governar sozinho; outra hipótese, o PS é claramente reforçado e acho que isso, inevitavelmente, implica que os nossos parceiros à esquerda também reflitam" sobre a opção de terem chumbado a proposta de Orçamento para 2022.
E à direita? "Eu não fecho a porta a ninguém, mas à direita do PS, primeiro é preciso deixá-los arrumarem-se a si próprios. Depois falamos", rematou.
Nestas declarações à televisão pública, Costa garantiu, ainda, que no início do próximo ano vai avançar com o aumento do Salário Mínimo Nacional.
"Vamos fazer tudo aquilo que é normal ser feito no início do ano, como seja o aumento do Salário Mínimo [que vai passar para 705 euros]. É a proposta que temos na concertação social e já estão marcadas reuniões" com os parceiros.
Já as medidas extraordinárias previstas no OE 2022, como o aumento de pensões até 1.100 euros, não vão avançar.
O chefe do Governo lamentou, ainda, a Operação Miríade, que investiga suspeitas dos crimes de tráfico de diamantes, ouro e droga por parte de militares portugueses, nomeadamente comandos e ex-comandos em missões militares ao abrigo da ONU, sobretudo na República Centro Africana (RCA).
“Preocupa-me que haja uma rede de qualquer tipo de criminalidade onde quer que seja, e nas Forças Armadas por maioria de razão”, declarou Costa, depois de confrontado com a investigação.
O primeiro-ministro salientou que “as próprias Forças Armadas detetaram e, mal detetaram, comunicaram às autoridades judiciárias para tomarem as providências necessárias”.
“Vivemos num país onde ninguém está acima das leis, sejam as Forças Armadas, sejam as forças de segurança, seja político, seja quem for”, frisou.
António Costa lamenta o caso, mas assegura que a imagem externa de Portugal não ficará beliscada: "não creio. O senhor ministro da Defesa [João Gomes Cravinho] já o disse, informámos imediatamente as Nações Unidas do que tinha acontecido. Não vou desvalorizar dizendo que não é um caso inédito, qualquer caso é um caso em si grave”, assinalou.