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Política

Adolfo Mesquita Nunes desfilia-se do CDS

30 out, 2021 - 11:20 • Redação

O ex-militante do CDS-PP diz que o partido no qual se filiou há 25 anos "deixou de existir". Anúncio foi feito nas redes sociais do político.

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Adolfo Mesquita Nunes, ex-deputado do CDS-PP e antigo secretário de Estado do Turismo, anunciou, este sábado, no Facebook que vai deixar o partido no qual se filiou há 25 anos.

“O partido em que me filiei deixou de existir“, escreveu, pouco depois do final de um Conselho Nacional em que o atual líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, adiou as eleições internas para depois das legislativas.

"Nunca pensei pedir a desfiliação do partido em que milito há 25 anos, a quem tanto devo e a quem entreguei boa parte da minha vida, do meu empenho e do meu entusiasmo”, lê-se na nota publicada na página de Facebook de Adolfo Mesquita Nunes.

“Se o faço hoje, no que provavelmente é o mais difícil ato político da minha vida, é porque o partido em que me filiei, o CDS das liberdades, deixou de existir”, acrescentou.

“Os tempos são outros, agora“, lamenta o ex-secretário de Estado, acrescentando que “a diversidade é vista como fraqueza, perda de identidade, como se só houvesse uma única e legítima forma de ser do CDS”. No atual CDS-PP, diz, “a contemporaneidade é vista como uma ameaça, como se as novas gerações e as suas preocupações fossem a degenerescência de uma ordem moral ideal”.

O antigo dirigente do CDS-PP não deixou críticas diretas ao líder do partido, Francisco Rodrigues dos Santos, mas assinalou “profundas discordâncias com o rumo seguido pela direção eleita”.

“Fundamento esta desfiliação na convicção de que o CDS é hoje, estruturalmente, um partido distinto daquele em que me filiei, um partido que quer afastar-se do modelo de partido que servi como dirigente”, justificou o antigo secretário de Estado do Turismo, durante o Governo de Pedro Passos Coelho.

Para Adolfo Mesquita Nunes, no CDS-PP atual “a contemporaneidade é vista como uma ameaça” e a liberdade como “algo de relativo”.

“Nunca me imaginei em discussões sobre se alguém do CDS pode não gostar de touradas, se pode ser vegetariano, se pode divorciar-se, se pode amar quem quiser, se pode não ser crente. Mas essas discussões vieram para ficar e dão bem conta das novas prioridades do partido”, apontou o antigo deputado.

Mesquita Nunes criticou ainda a decisão de adiar o congresso do partido, conhecida depois do Conselho Nacional que decorreu na noite de sexta-feira.

“Como é possível que o CDS aceite que uma direção retire aos militantes o direito de escolher o seu líder e a sua estratégia; e que o faça num Conselho Nacional ilegalmente convocado e ignorando as decisões do órgão jurisdicional do partido; e ainda para mais para manter uma direção cujo mandato termina em janeiro?”, questionou-se.

“Deixo o CDS sem uma gota de arrependimento pelo percurso que nele fiz durante 25 anos. Foi uma honra ter servido e representado o CDS e é com orgulho que olho para o que, com erros e acertos, fomos capazes de fazer em nome da direita das liberdades. […] O meu valor primeiro é o da liberdade. Nunca o comprometi ao ser do CDS. E é em nome da liberdade que me desfilio”, rematou.

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  • Bruno
    30 out, 2021 aqui 11:16
    O CDS perdeu um dos seus melhores. Os militantes que ficam parecem agora um bando de corvos a lutar entre si para ver quem fica com a carcaça putrefacta do partido. O crescimento da IL e Chega vieram demonstr que havia um espaço de crescimento no espectro político do CDS e que o partido não soube mobilizar. Se conseguirem eleger um ou dois deputados nas próximas eleições, já se podem dar por satisfeitos.

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