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Costa a pisar terrenos do PCP com ambição de fazer o pleno das capitais de distrito do Alentejo. "Porque não?"

22 set, 2021 - 06:46 • Susana Madureira Martins

O líder do PS em mais um fim de tarde infernal no Alentejo litoral e Baixo Alentejo para levantar a fasquia, colocar o objetivo de conquistar o pleno das capitais de distrito da região, algumas delas autênticos bastiões do PCP, antigos e atuais, como Évora e Beja e a deixar ataques mais ou menos implícitos aos comunistas.

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Como é que o secretário-geral do PS morde os calcanhares ao PCP em pleno Baixo Alentejo? Com jeitinho e sem falar diretamente dos comunistas. Foi o que aconteceu nos comícios em Évora e em Beja, em que deixou os ataques com todos os nomes nas mãos dos candidatos autárquicos e nos líderes distritais.

Antes, numa visita relâmpago de dez minutos a Alcácer do Sal para apoiar a candidata do PS Clarisse Campos, que tenta nestas autárquicas tirar a câmara à CDU, António Costa visitou as bancas das vendedoras onde acabou a recomendar ao líder do PCP o típico camarão do Sado depois de ser confrontado com as acusações de Jerónimo de Sousa que anda a usar o Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) para obter votos.

Em Évora a conversa já foi outra, com indiretas, é certo, mas com destinatário certo: o PCP. Em modo comício, em plena Praça do Giraldo, o líder socialista confessou-se "perplexo" ao ouvir "partidos a dizerem que o PRR é uma coisa para servir o grande capital e os interesses de Bruxelas", tese que tem sido sustentada pelos comunistas.

Também em Évora, concelho presidido pelo PCP, Costa deu conta da ambição que tem para o PS na região do Alentejo, ou seja, fazer o pleno de vitórias nas capitais de distrito. Fazendo as contas, "o PS já tem a presidência da câmara municipal de Beja", que Paulo Arsénio conquistou há quatro anos à CDU e está a bater-se para que o Luís Testa seja presidente da câmara de Portalegre", com o líder socialista a dizer-se certo que vai "conseguira eleição de José Calixto para presidente da câmara municipal de Évora".

Numa Praça do Giraldo que já viu em tempos comícios do PS completamente à pinha, desta vez estava a meio gás para ouvir o secretário-geral socialista questionar se o PS já tem a maioria das autarquias em todo o Alentejo, "por que não" ter para o partido "as autarquias nas capitais de distrito" da região.

Se Costa usou de ligeiras cargas de ombro ao PCP, o candidato à autarquia, José Calixto, não foi de modas e apelou mesmo ao voto útil no PS para tirar os comunistas do poder no concelho, vaticinando que "Évora vai perder" com a divisão do voto em "projetos mais ou menos pessoais".

Acabado o comício em Évora, Costa correu para Beja onde se sucederam bicadas ao PCP, desde logo a mais direta a do recandidato à câmara, Paulo Arsénio, que acusou os comunistas de "desnorte ideológico", ao prometerem no concelho "tudo a todos" nestas autárquicas, concluindo que a "nesta altura a grande frustração do PCP neste território é que já ninguém está atento" a este partido e "vão a votos e estão centrados nas candidaturas do PS".

Depois foi a vez de Costa a partir da tribuna iniciar mais um jogo de sombras com chapeladas mais ou menos veladas aos comunistas, referindo que esta é uma época em que é "fundamental" o país ter "autarcas que não sejam contra a União Europeia, mas sejam a favor da União Europeia e compreendam que é na União Europeia" que o país tem um "aliado" e o seu "espaço de desenvolvimento". Estava dado o chega para lá a um PCP que já chegou a defender a saída de Portugal da zona euro.

Mas os autarcas do futuro para Costa têm de ter outra característica: é "fundamental" ter autarcas com "ambição de fazer, que não tenham complexos de fazer, que não tenham medo de assumir as novas responsabilidades que os autarcas vão ter a partir de abril na área da educação, da saúde e da ação social", ou seja, autarcas que assumam em pleno a descentralização, processo que os comunistas abominam desde o início.

A mensagem final deste périplo alentejano do líder do PS foi para a certeza de que "está cada vez mais próximo o dia" em que o PS irá "ver renovada a maioria" nas autarquias, apelando à mobilização total, para em apoteose terminar com o pedido de que "a voz não doa" que "os braços e as pernas não se cansem" porque é preciso mobilizar "todos, todos, todos" para uma "grande vitória no próximo domingo".

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