05 mai, 2021 - 20:16 • Hélio Carvalho
Os partidos dos dois lados do parlamento criticaram a decisão do Novo Banco desta quarta-feira de atribuir prémios aos administradores no valor de 1,86 milhões de euros, apesar de um ano de prejuízos avultados. Também o ministério das Finanças disse que os prémios não eram adequados e Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, avisou que o valor dos prémios ia ser deduzido à chamada de capital do Fundo de Resolução e que a atribuição de prémios “não é uma boa ideia”.
Do lado do Governo, tanto o deputado e o vice-presidente da bancada socialista, João Paulo Correia, como o secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, lamentaram a decisão.
"Acima de tudo consideramos que esta decisão da administração do Novo Banco é imoral, não devia ter acontecido e não contribui para a credibilidade da gestão do banco nem da própria instituição”, disse João Paulo Correia aos jornalistas no parlamento.
Presidente da República espera que haja "bom senso(...)
Já José Luís Carneiro afirmou que "a ser verdade que a administração pretende dar um prémio de 1,9 milhões de euros aos gestores, eu considero isso uma provocação pública com custos democráticos elevados, é inaceitável e mostra que há quem continue a viver fora do país real”.
O Bloco de Esquerda, através da deputada Mariana Mortágua que sido a principal bloquista durante as sucessivas capitalizações do Novo Banco, critica a atribuição de prémios no valor de 1,86 milhões de euros, e afirma que é "indigno" que a administração” se “atribua a si própria bónus nos seus salários pelo segundo ano consecutivo, quando continua a apresentar prejuízos e a pedir ao erário público avultadas injeções de capital”.
Duarte Alves, do PCP, repetiu no parlamento adjetivo "inaceitável" para descrever a decisão do Novo Banco de "autoatribuir-se" prémios, "num contexto em que tantos portugueses sofrem dificuldades e em que volta a pedir a chamada de capital público".
À direita, Cecília Meireles, do CDS-PP, disse que tinha “dificuldade em compreender” a decisão do Novo Banco. "Nós temos dificuldade em compreendê-los precisamente porque esta gestão tem dado prejuízos e prejuízos muito graves, que têm acarretado para os contribuintes portugueses também prejuízos muito graves”, alertou a deputada.
No Pessoas-Animais-Natureza, a decisão é considerada "obscena". “Para o PAN, esta transferência dos prémios para a administração do Novo Banco é absolutamente obscena, ainda para mais quando soubemos de uma auditoria do Tribunal de Contas bastante preocupante nas suas conclusões”, disse Inês Sousa Real, deputada do PAN e candidata à liderança do partido.