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Debates presidenciais

Ventura condena invasão do Capitólio, Ana Gomes compara-o a nazis e estalinistas

08 jan, 2021 - 22:19 • Eunice Lourenço

Candidatos presidenciais admitem adiamento das eleições e líder do Chega até acha que o pode favorecer.

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Era um dos debates mais aguardados desta campanha presidencial.

Ana Gomes, antiga embaixadora e ex-eurodeputada socialista, e André Ventura, deputado e líder do Chega, têm andado numa luta pelo segundo lugar nas eleições de dia 24 e, finalmente, estiveram frente-a-frente, no debate que decorreu na TVI e em que ambos disseram defender a democracia, mas mostraram como estão longe um do outro.

Questionado pelo moderador, Pedro Mourinho, sobre os acontecimentos desta semana nos EUA, André Ventura condenou a invasão do Capitólio por apoiantes do Presidente Trump.

“Nenhum candidato democrata pode apoiar ações contra as instituições”, afirmou o líder do Chega.

Ana Gomes, contudo, mais à frente acusou o Chega de ser um partido “que quer destruir a democracia e lembrou: “Foi sempre assim. Quer os fascistas, quer os nazis, quer os totalitários estalinistas sempre disseram que defendiam a democracia e a democracia tem de se defender, tem de ser intolerante com os intolerantes.”

A socialista, que não tem o apoio do PS, mas tem o apoio do PAN e do Livre, refirmou que, caso eleita, tentará ilegalizar o Chega.

“Como Presidente da República não abdicarei de exercer o juízo político sobre todas as formações, em particular sobre aquelas que querem destruir a democracia. E o partido deste senhor quer destruir a democracia, tem um projeto presidencialista que é um projeto autoritário e de poder”, disse Ana Gomes que, ao longo de todo o debate, nunca se dirigiu diretamente a André Ventura, optando por responder ao moderador.

Já André Ventura começou logo por dizer que Ana Gomes é a sua “principal adversária” e “representa tudo” o que ele quer derrotar. O líder do Chega acusou os restantes candidatos de esquerda de “andarem a fazer fretes à dra. Ana Gomes”. Não voltou a tratá-la por “dra” e ao longo do resto do debate dirigiu-se-lhe por “Ana”, apontando-lhe vários ataques.

Primeiro, ter feito parte do MRPP. Ana Gomes afirmou ter orgulho de ter pertencido àquele partido, mas também de ter saído dele pelo próprio pé e lembrou que ela foi “soldado raso” do MRPP, mas um dos dirigentes do partido foi Durão Barroso, que seria depois líder do PSD quando André Ventura iniciou a sua militância social-democrata.

Depois, Ventura atacou com Paulo Pedroso, o ex-ministro e ex-dirigente socialista que dirige a campanha de Ana Gomes, considerando “uma vergonha” uma candidata presidencial ter na sua equipa “um homem que fez campanha contra a justiça portuguesa”. O moderador fez questão de lembrar que Paulo Pedroso foi ilibado pela justiça portuguesa no processo Casa Pia e teve de ser indemnizado por decisão do Tribunal Europeu.

“Confio inteiramente em quem trabalha comigo”, respondeu Ana Gomes, que acusou André Ventura de ter “truques”. E outro dos “truques” foi levar para o debate posições de um dirigente do PAN, que apoia Ana Gomes, contra as polícias e a pedir o fim do Ministério Público. A ex-eurodeputada respondeu com os muitos anos de trabalho ligado à segurança e defesa em Bruxelas.

“Os polícias e os militares portugueses sabem como os defendi no Parlamento Europeu”, afirmou, condenando a “infiltração” dessas forças por movimentos antidemocráticos “a que este senhor está ligado”.

Já na parte final do debate, questionados sobre um eventual adiamento do ato eleitoral devido à pandemia de Covid-19, ambos admitiram esse adiamento, mas com graus bem diferentes.

“Estas eleições são muito importantes. A democracia não pode ser suspensa. Espero que haja condições para irmos votar no dia 24”, começou por dizer Ana Gomes, admitindo depois um adiamento perante uma conjuntura que não tem dados para avaliar, como têm o Governo e o atual Presidente da República.

Por seu lado, André Ventura começou por dizer que, do ponto de vista técnico, lhe parece impossível um adiamento, mas que está “totalmente disponível” para ele. “Quanto mais tempo tivermos de campanha, mais votos vou ganhar”, concluiu.

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