08 mar, 2019 - 01:19 • Paula Caeiro Varela, enviada especial a Angola
O segundo dia da visita oficial do Presidente da República a Angola terminou com um inesperado passeio nas ruas do Lobito, para “esmoer o jantar”, nas palavras de Marcelo Rebelo de Sousa.
Depois de ter passado por duas províncias, Huíla e Benguela, num dia que considerou histórico, em que foi recebido em clima de grande festa pela população nas ruas, acabou o programa a bordo da Fragata Álvares Cabral, no Lobito, já depois de ter encerrado um fórum empresarial em Benguela.
Não satisfeito, o Presidente decidiu uma vez mais furar a agenda oficial. Saiu, já tarde, para um passeio nas ruas do Lobito, para o qual arrastou os jornalistas que o acompanham e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
E como é que ainda tem energia depois de um dia de agenda carregada? “Eu tenho o hábito de andar quatro quilómetros por dia. Hoje andei dependurado em sítios incríveis, mas acho que não fiz os quatro quilómetros e agora vou esmoer o jantar, que foi muito frugal. Está uma noite fabulosa”, respondeu Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas.
Nesta entrevista coletiva em movimento, o chefe de Estado falou num “dia histórico em termos empresariais”, numa referência ao fórum de Benguela.
“Ultrapassou as minhas expetativas no número de empresários presentes, no entusiasmo e no ambiente que se sente, quer ao nível dos grandes empresários quer dos pequenos e médios. Na comunidade portuguesa, em cada esquina havia uma família que ficou, aguentou a guerra e três gerações estavam ali. Era exemplos de pequenas e médias empresas muito esperançadas no futuro”, salientou.
A conversa foi interrompida para Marcelo Rebelo de Sousa cumprimentar um grupo de pessoas que se encontrava àquela hora nas ruas do Lobito.
Horas antes, o Presidente da República deixou rasgados elogios a todos os que trabalharam nos últimos meses para o que diz ser um dia histórico nas relações entre Angola e Portugal, com um destaque para o Presidente angolano, João Lourenço, mas também para o primeiro-ministro português, António Costa.
No encerramento do Fórum Empresarial, em Benguela, acabou a falar de amor, quando explicava os motivos do sucesso tão rápido deste novo ciclo das relações entre os dois países.
Marcelo falou “deles”, os que duvidaram que era possível recuperar tão rapidamente as relações entre Portugal e Angola.
“Eu às vezes dou comigo a perguntar como é que eles não compreenderam. Eles, que eu encontrei aqui e ali nalguns pontos do Universo, nas visitas que fiz. Por que é que eles não compreenderam? E encontrei uma resposta: para compreender era preciso conhecer e amar e isso não se aprende nos manuais. Não se aprender e conhecer e amar Angola e Portugal nos manuais. Ou se vai, se está ou se conhece ou então não se compreende ou se ama”, sublinhou-
Ainda no embalo da receção desta quinta-feira no Lubango, com direito a festa nas ruas, o Presidente da República considerou que este é um dia histórico. Saudou a vontade política de todos os que o permitiram com especial destaque para João Lourenço, mas desta vez incluiu também um elogio a António Costa.
O Presidente da República garante que este é apenas um processo que está longe de acabar e vai continuar na aplicação da convenção de dupla tributação, na Segurança Social, na disponibilização de meios e no acompanhamento de projetos importantes para Angola.