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PCP quer ponto final no acordo ortográfico

21 fev, 2018 - 19:51

Já o PSD considera prematuro discutir o fim do acordo, quando há um grupo de trabalho a avaliar a implementação. Poeta Ana Luísa Amaral também quer fim do acordo.

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Foram discutidas, esta quarta-feira, no Parlamento, duas iniciativas para retirar Portugal do acordo ortográfico. Em causa está uma petição de um grupo de cidadãos e um projeto de resolução do PCP.

A deputada comunista, Carla Cruz, defende que, apesar das alterações, o acordo continua a ser mau.

“Veio o primeiro protocolo modificativo, veio o segundo. O acordo continuou a ser um mau acordo, a não responder às críticas feitas em 1990 por várias pessoas e entidades. E aqui estamos hoje. Subsistem incongruências, insuficiências, dificuldades práticas na aplicação do acordo visíveis todos os dias nas escolas, nos média, nos livros, nas páginas oficiais de entidades públicas. Foram referidas por inúmeras vezes em contributos escritos e audições dos grupos de trabalho sobre esta matéria”, disse.

Já o PSD considera prematuro discutir o fim do acordo, quando ainda está em funcionamento um grupo de trabalho para avaliar a implementação. O deputado José Carlos Barros pede que se espere.

“Achamos extemporâneo o projeto de resolução agora apresentado pelo PCP. Não abandonamos o entendimento de que se justificam todos os esforços de envolvimento solidário dos países que connosco partilham esta língua comum, no sentido da sua defesa e valorização; não desconhecemos o que se nos exige a todos de ponderação e responsabilidade numa matéria a vários níveis sensível, mas também não queremos – como tem sido a posição do Governo e do PS – fazer de conta que não há nada a discutir quando, na verdade, está um elefante sentado no meio da sala”, referiu o deputado social-democrata.

Já na opinião da poeta Ana Luísa Amaral perdeu-se muito tempo com o acordo ortográfico.

A autora que está no festival Correntes d'Escritas explica à Renascença porque nunca escreveu com acordo ortográfico, nem mesmo quando deu aulas.

“Acho que o acordo é nocivo para a língua e é nocivo não só para o português de Portugal, mas para o português do Brasil e para as outras variantes todas. Ele não faz rigorosamente nada do ponto de vista semântico, as diferenças continuam as mesmas e é bom que assim seja”, disse.

O escritor Fernando Pinto do Amaral, antigo responsável pelo plano nacional de leitura, defende a suspensão do acordo ortográfico, pelo menos de forma temporária.

“Estou inteiramente a favor da proposta [de suspender o acordo]. O acordo não faz sentido nenhum e uma suspensão durante cinco anos, 10 anos, 15 anos, 20, 50 anos seria uma ótima ideia”, refere.

O festival literário Correntes d'Escritas que decorre até sábado na Póvoa de Varzim.

Comentários
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  • João Lopes
    22 fev, 2018 Viseu 09:35
    A língua é sobretudo o que se fala e como se fala, e por isso vai variando através do seu uso: está ao serviço das pessoas e não o contrário. Os especialistas sabem a origem das palavras, mas o falante normal não tem porque saber. Há mudanças ortográficas na língua portuguesa desde o século XII. A partir de 1904, por exemplo, deixou de escrever-se pharmácia. Fernando Pessoa nunca aderiu ao acordo ortográfico do seu tempo e escreveu sempre como havia aprendido na escola. E veio daí algum mal ao mundo, ou à língua portuguesa? Há sempre gente agarrada à letra e não ao espírito das coisas, defensora do imobilismo doentio e dogmático naquilo que pela sua natureza é volúvel e opinável. Mas há que respeitar a sua opinião…e também a opinião dos outros!
  • RC Victor
    21 fev, 2018 Lx 21:36
    Devemos mobilizar-nos contra o AO e tomar acções efectivas como deixar de comprar qualquer livro, jornal ou revista escrita com erros (Acordo) ortográficos, também evitar visitar os websites escritos com o AO. Mobilizemos-nos Contra esta aberração e destruição da Lingua Portuguesa!

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