Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Reportagem em Braga

Greve de médicos e enfermeiros. “Não notamos diferença”

24 set, 2024 - 11:20 • Isabel Pacheco , Carla Fino com Redação

Muitos utentes não sabiam nem se aperceberam, ao início da manhã, da paralisação dos médicos e dos enfermeiros.

A+ / A-

A greve na saúde - médicos e enfermeiros - não teve impacto visível no Hospital de Braga nas primeiras horas da manhã desta terça-feira.

Sara Ferreira aguarda na entrada principal por boleia para regressar a casa. Acaba de sair de uma consulta e nem se apercebeu de que esta terça-feira é dia de greve dos médicos e enfermeiros.

“Fui atendida à hora certa”, adiantou a bracarense que ficou surpreendida ao saber da paralisação na saúde.

“É dia de greve dos médicos, hoje?”, questionou. “A médica disse qualquer coisa, mas esta consulta estava marcada há seis meses e fui atendida”, contou.

A poucos metros, Isabel Pereira e o marido aguardam pela chegada do autocarro. Entre conversas, comentam a rapidez com que foram atendidos no serviço de analises.

“E até foi depressa, para o costume”, atirou Isabel, garantindo não ter dado pela greve: “Nem dos médicos nem dos enfermeiros."

"Não notamos diferença”, rematou.

Idalina Rocha veio ao hospital de Braga para uma consulta. Só depois é que soube da greve. “Estão de greve, hoje? Nem sabia..."

“Vim para uma consulta, mas fui atendida perfeitamente. Não me fez diferença nenhuma”, disse.

Utentes compreendem razões da paralisação

Em Lisboa, no Hospital de Santa Maria o cenário da greve tanto dos médicos como dos enfermeiros notava-se sobretudo ao nível das consultas, cirurgias e tratamentos, que obrigaram a alguns cancelamentos e adiamentos. Um impacto que, para muitos utentes, faz a diferença porque os vai obrigar a regressar ao hospital e aos naturais constrangimentos que isso acarreta. Ainda assim, compreendem as razões destas paralisações. Defendem as reivindicações dos profissionais de saúde, e consideram que o Governo deveria fazer mais. "Deviam sentar-se todos à mesa e dar-lhes o que precisam e colocar um ponto final em tudo isto, para bem de todos nós”, desabafa Tiago Fortunato, um utente pulmonar a quem foi adiada uma consulta esta manhã.

Já Maria do Carmo Branco, de 89 anos, viu a consulta de oftalmologia cancelada, precisamente um ano depois de ter sido marcada. "Fizeram-me tudo, a triagem, mediram-me a tensão ocular e mandaram-me esperar. Só depois é que vieram dizer que não havia consulta por causa da greve. É assim que trabalha a nossa saúde em Portugal", diz. Desconhecia a greve, mas defende-a, até porque tem uma filha médica e conhece as dificuldades que estes profissionais enfrentam todos os dias. "Eu sei o que ela passa. Os médicos trabalham muito, dar horas a mais sem serem pagas e sem condições... Enfim, ganham mal", remata.

Manuel Ferreira sai satisfeito do hospital, porque "tudo correu muito bem". Teve a consulta programada de cirurgia e "nada falhou", diz. Compreende que a greve é uma forma de luta para que "tenham voz e que os oiçam". "Mas eu acho que não é com greves que se vai lá", adianta. "É mostrando o nosso trabalho que conseguimos alguma coisa".

A paralisação prossegue esta quarta-feira.

[Notícia atualizada às 14h03 de 24 de setembro de 2024 para acrescentar o que se passou no Hospital de Santa Maria, em Lisboa]

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+