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Menino nepalês. Escola da Amadora confirma inquérito a caso de agressão, mas desmente “linchamento”

23 mai, 2024 - 19:41 • João Carlos Malta

Na sequência da investigação em curso para apurar os factos da denúncia do Centro Padre Alves Correia, o Ministério da Educação diz que foi identificado um "caso de agressões entre dois alunos" e não uma situação a envolver o ataque de seis alunos a um menor estrangeiro.

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O Ministério da Educação afirma, em resposta a questões da Renascença, que o diretor de um agrupamento de escolas da Amadora “tomou conhecimento, no final da semana passada, de relatos que indiciavam um episódio de agressão entre dois alunos”, na sequência das notícias sobre o “linchamento” a um menino nepalês de nove anos.

Após estes relatos, segundo o ministério de Fernando Alexandre, “a direção do Agrupamento abriu um processo de inquérito, que ainda decorre”.

No entanto, o ministério esclarece que, neste caso, não existe um “linchamento” a envolver “cinco ou seis” alunos. O CEPAC em comunicado, no sábado passado, já tinha admitido algumas imprecisões factuais na história que a diretora-executiva da instituição, Ana Mansoa, relatou à Renascença. No entanto, não detalhou quais eram essas imprecisões.

Mansoa disse à Renascença na semana passada, ao denunciar o caso, que o mesmo teria ocorrido há dois meses. O ME desmente essa referência temporal e afirma que a situação ocorreu em novembro do ano passado e não há “dois meses”.

Nas mesmas respostas, o Ministério da Educação, reitera que “nenhum dos alunos é de nacionalidade nepalesa” , nem tem “nove anos”. Algo que também o CEPAC já tinha admitido.

Nesta quinta-feira, a Renascença enviou um par de questões ao Ministério da Educação e obteve apenas resposta para a primeira, que era: “Durante os últimos dias, algum organismo do ministério fez mais alguma diligência da qual resultaram dados novos sobre o caso e que confirmem a existência de uma agressão a um menor?”

As outras duas ficaram sem resposta: “O Ministério redigiu dois comunicados sobre este caso, em algum deles comunicou antes de os divulgar, com a família do menino?; Se não o fez, certificou-se de que a escola fez algum tipo de contato nesse sentido?”

No sábado, o CEPAC em comunicado reconheceu “que o termo “linchamento”, que foi utilizado, não é o adequado e surgiu enquanto manifestação espontânea face aos contornos da agressão”.

A instituição religiosa assumiu antes que foi um erro prestar informação sobre a nacionalidade e a idade da criança.

E escreveu ainda que “desde a divulgação da notícia, o CEPAC teve e tem como prioridade salvaguardar o anonimato e bem-estar da criança”.

Depois, revelou que “os factos e contornos da agressão que são do conhecimento do CEPAC foram transmitidos à Procuradoria da Família e Menores e ao Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI)”.

Na primeira comunicação feita pelo Ministério da Educação sobre este caso, através de um comunicado, o gabinete do ministro escreveu que “contactada a escola em causa, na Amadora, a direção informou que os únicos alunos de nacionalidade nepalesa a frequentar o agrupamento estão no Ensino Secundário. Informou ainda desconhecer por completo o alegado episódio ou qualquer situação semelhante, não tendo inclusive recebido qualquer participação sobre um ato idêntico. Não existe, por isso, qualquer ocorrência disciplinar registada”.

No início da semana passada, à Renascença, Ana Mansoa, diretora-geral do CEPAC, declarou que "o filho de uma senhora acompanhada pelo CEPAC, que tem nove anos, e que é uma criança nepalesa, foi vítima de linchamento no contexto escolar por parte dos colegas", e acrescentou que o caso ocorreu há cerca de dois meses e "foi filmado e divulgado nos grupos do WhatsApp das crianças".

A criança terá ficado com feridas abertas na sequência das agressões e a mãe com medo, segundo Mansoa, não apresentou queixa na Polícia, nem levou o filho a um hospital.

Na altura, a responsável do CEPAC criticou a forma como a escola tratou do caso e revelou que um dos alunos envolvidos foi suspenso por três dias.

Ana Mansoa disse que o menor fora transferido de escola e que ainda agora tinha receio de ir às aulas e ficara com sequelas psicológicas.

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