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Saúde

Doenças preveníveis por vacinação na idade adulta custam 245 milhões por ano

23 mai, 2024 - 06:00 • Anabela Góis

Esta é uma das conclusões da análise desenvolvida pela Escola Nacional de Saúde Pública, no âmbito do projeto "+Longevidade". Em causa estão várias infeções, na idade adulta, provocadas por um conjunto de doenças para as quais existem vacinas disponíveis.

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A despesa com doenças que podem ser prevenidas com a vacinação de adultos ascende a centenas de milhões de euros em vários países da Europa. Em Portugal, o impacto estimado é de 245 milhões de euros.

Esta é uma das conclusões da análise desenvolvida pela Escola Nacional de Saúde Pública no âmbito do projeto "+Longevidade".

Na base desta estimativa está um estudo desenvolvido em co-autoria por José Miguel Diniz. Em declarações à Renascença, o investigador afirma que “o impacto destas doenças é considerável em Portugal”.

“Sabemos que, existindo vacinação disponível, uma parte da despesa e dos custos, quer diretos quer indiretos em saúde, pode ser prevenido. Isso consubstancia se em redução de hospitalizações, redução de idas às urgências e de internamentos, mas também em ganhos de produtividade não medidos diretamente em despesa de saúde”, sublinha.

Em causa estão várias infeções, na idade adulta, provocadas por um conjunto de doenças para as quais existem vacinas disponíveis.

“Neste contexto, nós estamos a falar de doenças essencialmente transmissíveis do foro infeccioso, portanto, de forma mais específica, temos aquelas a mais comumente mencionadas, como a covid-19 e a gripe. Mas também consideramos para esta análise o vírus Herpes Zoster, o vírus sincicial respiratório ou o agente que provoca a doença pneumocócica e o vírus do papiloma humano”, explica o investigador José Miguel Diniz.

Luís Filipe Pereira, antigo ministro da Saúde e um dos especialistas do projeto "+Longevidade", defende a importância da vacinação de adultos num país que tende a ser cada vez mais envelhecido.

“É claro que isto trata-se de um valor aproximado, um valor estimado. Mas de qualquer maneira, mais do que saber se é 240 ou se é 241 ou se é 237, o que é importante é que se trata de uma atitude de prevenção que beneficia, obviamente, quer no plano individual, as pessoas quer a instituição porque são menos consultas, são menos internamentos”, argumenta.

O antigo ministro da Saúde, que é economista, sublinha que em Portugal 95% do orçamento para a saúde é gasto na cura das doenças e não na sua prevenção. Luís Filipe Pereira assume que é difícil quantificar a poupança que as vacinas poderiam proporcionar.

“Quando uma pessoa está doente e o que nós fazemos para a curar, nós sabemos quantificar bem. Sabemos quantos dias de internamento é que teve. Sabemos que medicamentos é que tomou. Tudo isso é quantificado. Agora, quando se toma uma vacina, se previne, o que é que nós estamos a prevenir? Que a pessoa adoeça. Mas se ela deixou de estar doente, como é que se quantifica isso? Começa logo por se dizer, então, e se ela apanhasse a doença quanto tempo estava internada? Dez dias, dois dias, 15 dias? Quanto? isso tudo vai levar a quantificações diferentes, como é óbvio.”

Tendo em consideração as perspetivas de uma população mais envelhecida, uma sociedade mais globalizada, com menos barreiras de circulação, os especialistas que compõem o “think tank” +Longevidade reconhecem a necessidade de melhorar a resposta preventiva destas doenças, através de uma atualização do Programa Nacional de Vacinação para incluir mais vacinas dirigidas a adultos.

O projeto "+Longevidade" é um grupo de reflexão dedicado à vacinação no adulto, uma iniciativa da Nova Center for Global Health da Nova IMS.

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