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Greve "histórica" dos jornalistas paralisou totalmente 64 órgãos de comunicação social

16 mar, 2024 - 18:45 • Ricardo Vieira

Sindicato dos Jornalistas faz balanço da greve geral de 14 de março e espera que as administrações "tenham finalmente compreendido o descontentamento que grassa entre a classe, passando das palavras aos atos”.

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A greve geral de quinta-feira “entrou para a história” da comunicação social em Portugal, com 64 redações “totalmente paralisadas” e constrangimentos noutras dezenas de televisões, rádios e sites, indica o Sindicato dos Jornalistas (SJ).

O balanço da primeira greve de jornalistas em quatro décadas foi feito este sábado pelo sindicato, em comunicado.

“As redações da Agência Lusa, Antena 1, RTP, RTP Madrid, RTP Castelo Branco, TSF, Diário de Notícias – o único jornal diário de referência cuja edição em papel não chegou na sexta-feira às bancas -, RDP África, O Jogo, Jornal de Negócios, Timeout, TVI/CNN Algarve e SIC Évora também ficaram totalmente paralisadas”, adianta o SJ.

Na RTP Açores, o Jornal da Tarde e o Notícias do Atlântico foram cancelados; todos os blocos informativos da Antena 1 Açores foram suspensos.

A greve dos jornalistas também provocou “fortes constrangimentos” no fluxo noticioso de outros órgãos de comunicação social nacionais generalistas. “Foi o caso da Visão (adesão de 90%), Jornal de Notícias (83%), Público (83%), Expresso (75%), Observador (75%) e Rádio Renascença (38%)”, refere o Sindicato dos Jornalistas.

Registou-se também uma “adesão massiva da imprensa regional”, onde a crise na comunicação social se faz sentir com grande impacto.

Também “quase 20 jornalistas freelancers, um dos segmentos da classe mais vulneráveis, comunicaram ao Sindicato a sua adesão à greve”.

O sindicato refere, em comunicado, que algumas hierarquias “procederam a vários esquemas (ilegais) para reduzir o impacto do protesto nas várias redações”.

“Além de as chefias terem perguntado aos jornalistas se iriam aderir à greve, o que é ilegal, o Sindicato dos Jornalistas tem conhecimento de ter existido aliciamento com horas extraordinárias ou dias de folga extra aos jornalistas que não aderissem à paralisação, recurso a estagiários e a trabalhadores a recibos verdes substituindo jornalistas do quadro em greve, assim como reforço de turnos, entre outros.”

Após a greve geral “histórica” de 14 de março, o Sindicato dos Jornalistas “espera que as direções e administrações tenham finalmente compreendido o descontentamento que grassa entre a classe, passando das palavras aos atos”.

O SJ enumera as reivindicações dos jornalistas:

– Aumentos salariais em 2024 superiores à inflação acumulada desde 2022 e a melhoria substancial da remuneração dos freelancers;

– A garantia de um salário digno à entrada na profissão e de progressão regular na carreira;

– O pagamento de complementos por penosidade, trabalho por turnos e isenção de horário;

– A remuneração por horas extraordinárias, trabalho noturno e em fins de semana e feriados;

– O fim da precariedade generalizada e fraudulenta no sector, pelo recurso abusivo a recibos verdes e contratos a termo;

– O cumprimento escrupuloso das leis do Código de Trabalho, incluindo a garantia do equipamento técnico necessário, em particular para a captação de imagem e som;

– O cumprimento escrupuloso do Contrato Coletivo de Trabalho da imprensa e a generalização da contratação coletiva para o setor audiovisual e da rádio;

– A justa remuneração de quem cumpre o estágio obrigatório para o acesso à profissão;

– Condições humanas e materiais para a produção noticiosa, cumprindo princípios éticos e deontológicos;

– A intervenção do Estado na garantia da sustentabilidade financeira do jornalismo;

– A revisão das estruturas regulatórias da comunicação social e do jornalismo, garantindo a sua atualização e capacidade para salvaguardar a qualidade da informação.

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