29 nov, 2023 - 06:30 • Anabela Góis
Dez por cento da população portuguesa pode ter síndrome das pernas inquietas e não sabe. O Dia Mundial das Doenças do Movimento assinala-se esta quarta-feira.
As doenças do movimento são doenças neurológicas que dão movimentos em excesso ou tornam os movimentos mais lentos.
São desconhecidas da população, em geral, e subdiagnosticadas pelos médicos e outros profissionais de saúde, o que impede o seu tratamento, alerta Joaquim Ferreira, diretor clínico do Campus Neurológico e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.
“Eu diria que as pessoas não sabem o que são doenças do movimento e muitos médicos, se calhar também não sabem o que são doenças do movimento. São doenças neurológicas, portanto, é uma área de neurologia que estuda algumas doenças neurológicas que dão ou movimentos em excesso”, afirma Joaquim Ferreira, em declarações à Renascença.
O especialista dá o exemplo dos tremores, "quando fazemos um movimento involuntário que não é normal ou dão no fundo uma lentificação do movimento”.
“O exemplo mais fácil é a doença de Parkinson, que é uma lentificação do movimento. As pessoas andam mais devagar, demoram mais tempo a realizar uma tarefa.”
A síndrome das pernas inquietas também é uma doença do movimento, muito frequente. “Pessoas que à noite, quando se deitam, têm um grande desconforto nas pernas e têm que se levantar ou, por exemplo, quando estão no cinema e estão num espaço apertado, têm que mexer muito as pernas, porque isso gera um desconforto”, explica Joaquim Ferreira.
O diretor clínico do Campus Neurológico sublinha que há “tratamentos muito eficazes” para as pernas irrequietas.
“O mais importante é alertarmos que muitas pessoas não têm o diagnóstico correto. Ou, porque as pessoas não têm que saber o que é que esta doença ou às vezes os próprios médicos não estão alerta para diagnosticar. É uma doença tão frequente que provavelmente 10% da população tem síndroma das pernas inquietas. E não sabe. Portanto, desta forma, não acede aos melhores tratamentos e, portanto, nós não estamos a conseguir ajudar, conclui Joaquim Ferreira.